segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dicas



• Quando for cozinhar, mantenha as unhas curtas, limpas e, de preferência,
sem esmalte.
• Mantenha os cabelos limpos e presos.
• Separe um avental ou uma camiseta somente para cozinhar. Isso evita
que se suje a roupa e também que se traga as impurezas da rua para
dentro da cozinha.
• Lave as mãos com sabão antes de cozinhar e sempre que se ocupar de
outros afazeres como: ir ao banheiro, mexer em lixo, contar dinheiro,
lidar com animais, assoar o nariz, tossir etc.
• Lave as mesas e pias antes e após o uso, com sabão ou detergente.
Depois, enxague bem para tirar todo o sabão ou detergente e seque com
um pano limpo.
• Mantenha as latas de lixo limpas, secas e longe de onde os alimentos
estão sendo manipulados.
• Evite usar anéis, pulseiras ou relógio na preparação dos alimentos.
• Nunca utilize alimentos estragados.
• Mantenha os alimentos sempre cobertos com um pano limpo para evitar
possíveis contaminações através de poeira, mosquitos e moscas.
• Nunca tire pó ou varra o piso durante o preparo dos alimentos.
• Evite objetos sem utilidades na cozinha, refeitório ou despensa. Vasos
com flores ou plantas, por exemplo, podem atrair insetos e causar
acidentes.
• Não guarde os utensílios de cozinha molhados.

Anexo II: Saúde e Higiene



A prática da limpeza exige certa dose de imaginação e esforço por parte de
todos, mas sem ela não é possível manter a saúde e fazer pratos saudáveis. Ela
deve ser tomada como rotina nossa de cada dia, nos três tipos: higiene pessoal,
dos utensílios e equipamentos e dos alimentos.
Para cozinhar, é ideal que tenhamos o máximo de cuidado com a higiene,
para não contaminarmos o nosso alimento. Algumas atitudes básicas como
prender os cabelos, lavar bem as mãos com sabão e limpar a mesa, pia e os
utensílios de cozinha que serão usados são indispensáveis na hora de cozinhar.
Com as dicas que vamos dar abaixo e com o amor que será transmitido pelas
suas mãos, temos certeza que seus pratos ficarão maravilhosos.

Dicas e segredinhos valiosos



• A maioria dos legumes podem
ser preparados com a própria
casca (chuchu, abobrinha,
pepino, cenoura, etc), desde que
sejam bem lavados ou
consumidos cozidos.
• As folhas verdes, tais como as de
couve-flor, cenoura, rabanete,
beterraba, abóbora, batata-doce,
chuchu, podem ser utilizadas em
farofas, no feijão, em bolinhos,
sopas, arroz ou refogados.
• Os talos de agrião, espinafre,
couve etc, podem ser
aproveitados no preparo de
bolinhos, refogados com carne
moída, no arroz ou na farofa.
• Lave bem o feijão e leve ao fogo em uma panela de pressão com água.
Quando pegar pressão e começar a chiar, deixe cozinhar por 2 minutos e
desligue. Deixe descansar por uma hora sem abrir a panela. Ligue
novamente o fogo e cozinhe por mais 5 minutos depois que pegar pressão
(chiar). Depois é só temperar a gosto.
• A abóbora também é conhecida como jerimum e dela se aproveita tudo:
polpa, casca e sementes.
• A polpa ou miolo da abóbora, depois de batido com água no
liquidificador, pode ser usado para cozinhar o arroz. Se não tiver
liquidificador corte a polpa em pedaços miúdos.
Arquivos da Pastoral da Criança
• Os legumes devem ser preparados inteiros ou em pedaços grandes para
evitar perdas grandes de vitaminas e minerais na água do cozimento.
• Coloque água fervendo para cozinhar os legumes, assim diminui o tempo
de cozimento, economiza gás e não se perde muitos nutrientes.
• Os legumes devem ser cozidos em pouca água, o suficiente para cobri-los.
Assim também evitamos que muitos nutrientes se percam na água do
cozimento. Quanto mais água colocarmos para cozinhar, mais nutrientes
perdemos.
• A água em que legumes ou batata foram cozidos pode ser aproveitada para
preparar o arroz. Assim aproveitamos as vitaminas que ficaram na água.
• Nunca acrescente bicarbonato de sódio no cozimento de verduras e
legumes (algumas pessoas fazem isso para deixar a cor mais viva). O
bicarbonato pode destruir as vitaminas presentes.
• Retire a gordura visível das carnes e a pele do frango, assim já
diminuímos o consumo de gordura.
• O ovo, depois de cozido, deve ser colocado em água corrente para esfriar,
assim não forma aquela camada verde entre a gema e a clara. Essa camada
impede a utilização do ferro da gema pelo nosso corpo. A mesma coisa
ocorre se deixarmos o ovo cozinhar por muito tempo (mais de 10 minutos).
Precisamos ter cuidado com o consumo de sal. Se
comermos sal demais, poderemos desenvolver pressão
alta e problemas no coração. Para diminuir a quantidade
de sal que se coloca na comida, uma alternativa é
utilizar outros temperos, tais como salsinha, cebolinha,
coentro, manjericão, orégano, alecrim, sálvia, cebola,
alho, pimenta entre outros. Eles deixam a comida mais
saborosa e assim podemos usar menos sal.

• As sobras de alimentos podem ser utilizadas para preparar outros pratos
ou serem reutilizadas na próxima refeição. No entanto, é preciso guardálas
adequadamente para que não estraguem. Esses alimentos precisam
ser colocados em potes limpos, secos, com tampa e guardados na
geladeira logo após as refeições e devem ser consumidos, no máximo, até
o outro dia. Se não tiver geladeira, é melhor cozinhar de forma que não
sobrem alimentos de uma refeição para outra.
• Para fazer omeletes mais leves e fofos, adicione um pouquinho de leite e
maisena antes de bater o ovo.
• O mel não deve ser dado às crianças menores de um ano porque ele pode
estar contaminado com a toxina botulínica. Um bebê, por ser pequeno, é
mais sensível a esta toxina, podendo ter problemas para respirar e até
morrer.
• Quando for usar uma metade do abacate, deixe a outra metade com o
caroço. Isso evita que ela se estrague rápido.
• O uso do suco do limão nas vitaminas ou batidas de frutas evita que
fiquem enjoativos.
• O mingau pode ser enriquecido com cenoura, batata doce, abóbora, fubá,
leite, gergelim, amendoim e castanhas.
• Algumas frutas devem ser consumidas com a casca (maçã, pêra, goiaba,
nectarina, pêssego, uva, ameixa, caju, entre outras), pois a casca contém
muitas fibras e vitaminas que são ótimas para o nosso intestino. Mas
devemos sempre lavarbb  bem a fruta em água corrente antes de comer.
• Prepare as saladas cruas e os sucos naturais perto da hora de comer, pois
assim não se perde muitas vitaminas.
Quem come frutas e verduras cruas
tem menor risco de desenvolver câncer.

Bolo salgado com talos e folhas de legumes da Pastoral da Criança



Ingredientes
2 e 1/2 xícaras de farinha de trigo
1 colher (sopa) rasa de fermento
1 ovo
1 xícara de leite
1/2 xícara de óleo
1 colher (chá) rasa de sal
1 cebola média
1 tomate grande
1/2 xícara de talos e folhas de
beterraba
1/2 xícara de talos de agrião
1 cenoura
2 colheres (sopa) de temperos
verdes
Modo de fazer
Lave bem a cenoura, tire as pontas e
rale. Tire a pele do tomate. Corte em
pedaços pequenos a cebola, o tomate,
os talos e as folhas dos legumes e o
tempero verde. Acrescente a cenoura
ralada, o ovo, o óleo, o leite, o sal, o
trigo e o fermento. Misture até a
massa ficar homogênea. Espalhe a
massa em forma untada com óleo.
Asse em forno médio por 20 minutos.

Bolo de casca de banana da Pastoral da Criança



Ingredientes
Massa:
3 cascas de banana lavadas
2 ovos
1 e 1/2 xícara de leite
1 colher (sopa) de óleo
1 xícara de açúcar
2 xícaras de farinha de rosca
1/2 xícara de aveia
1 colher (sopa) de fermento em pó
Cobertura:
3 colheres (sopa) de açúcar
1/2 limão
3 bananas descascadas
1 xícara de água
Modo de fazer
Massa:
Bata no liquidificador o leite, as
gemas, o óleo, o açúcar e as cascas de
banana. Em uma vasilha misture a
farinha de rosca, o fermento e a aveia.
Despeje a mistura do liquidificador e
mexa bem. Acrescente as claras em
neve. Unte uma forma, polvilhe com
farinha de rosca e coloque a massa.
Asse em forno médio pré-aquecido por
30 minutos ou até ficar dourado.
Cubra o bolo ainda quente com a
cobertura.
Cobertura:
Doure o açúcar, acrescente 1 xícara
de água e deixe engrossar. Junte as
bananas cortadas em rodelas e o suco
de limão. Cozinhe até formar uma
calda consistente.

Bolo com sementes de abóbora da Pastoral da Criança



Ingredientes
2 ovos
1 xícara de leite
2 xícaras de farinha de trigo
1 xícara de açúcar
1 colher (sopa) de fermento
1/2 xícara de sementes e fibras de
abóbora (bucho ou miolo de
jerimum)
Modo de fazer
Bata no liquidificador o leite, o
açúcar, as gemas, as sementes e as
fibras de abóbora. Despeje a mistura
do liquidificador em uma vasilha com
a farinha de trigo e o fermento e
misture bem. Acrescente as claras em
neve e mexa levemente. Coloque a
massa na assadeira untada. Asse em
forno médio, pré-aquecido, por
aproximadamente 30 minutos.

Salada de casca de abóbora da Pastoral da Criança



Ingredientes
1 xícara de casca de abóbora ralada
1 tomate pequeno
1 cebola pequena
1 colher (café) de óleo
1 colher (chá) de vinagre
1 colher (sopa) de temperos verdes
Modo de fazer
Lave a abóbora, corte em pedaços e
retire a casca. Passe a casca da
abóbora na parte grossa do ralador.
Retire a pele do tomate. Corte em tiras
finas o tomate e a cebola. Reserve. Em
uma panela, coloque 2 xícaras de água
e deixe ferver. Adicione a abóbora
ralada e cozinhe por 3 minutos.
Escorra a água e deixe esfriar. Junte o
tomate, a cebola, os temperos verdes,
o óleo, o vinagre e sal a gosto. Misture
e guarde na geladeira. Sirva fria.

Bolo de beterraba da Pastoral da Criança



Ingredientes
2 ovos
1/2 de xícara de óleo
1 beterraba média crua
2 xícaras de farinha de trigo
1/2 xícara de açúcar
1 colher (sopa) de fermento em pó
1 limão pequeno
Modo de fazer
Lave a beterraba, retire as pontas e
corte em pedaços pequenos. Bata no
liquidificador os ovos, o óleo, o açúcar,
o suco do limão e a beterraba cortada.
Em uma vasilha misture a farinha de
trigo e o fermento. Acrescente raspas
de limão e a mistura do liquidificador.
Mexa bem. Coloque a massa em forma
untada e asse por 30 minutos ou até
dourar.

Arroz de forno com legumes da Pastoral da Criança



Ingredientes
2 xícaras de arroz cozido
1 cebola média
1 cenoura média
1 xícara de couve picada
1/2 xícara de vagem cortada
1/2 xícara de talos de beterraba
1/2 xícara de talos de couve-flor
2 colheres (sopa) cheia de temperos
verdes
1 colher (sobremesa) de óleo
1 colher (café) de gengibre
Modo de fazer
Lave bem todos os legumes e corte
em pedaços pequenos. Numa panela
coloque os legumes, o óleo, a cebola,
o gengibre e refogue por alguns
minutos. Misture os legumes com o
arroz cozido e coloque num refratário.
Leve ao forno para gratinar.

Bolo de milho verde com fubá da Pastoral da Criança


Ingredientes
2 xícaras de milho verde (de
preferência da espiga)
1 ovo
1 xícara de leite
1/2 de xícara de óleo
1/2 xícara de farinha de trigo
1 xícara de fubá
1 xícara de açúcar
1 colher (sopa) cheia de fermento
1 colher (café) de erva doce
Modo de fazer
Bata no liquidificador o leite, o
milho, o ovo, o óleo e o açúcar. Em
uma vasilha, peneire o trigo, o
fermento e o fubá. Adicione a mistura
do liquidificador mexendo até obter
uma massa lisa. Unte uma assadeira e
despeje a massa. Leve ao forno médio
e asse por 20 minutos ou até ficar
dourado.

Ovos Mexidos da Pastoral da Criança

Ingredientes
02 ovos
02 colheres de leite
01 colherinha de óleo
01 pitada de sal
Modo de fazer
Bata os ovos ligeiramente. Coloque
o leite, sal e misture bem. Adicione o
óleo numa panela em fogo brando. Vá
mexendo, até os ovos ficarem
cremosos, mas, não secos.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Cuscuz simples da Pastoral da Criança

Ingredientes
• 02 xícaras de fubá
• 01 xícara de água
• 01 colherinha rasa de sal
(pitada pequena)
Modo de fazer
Coloque a massa em uma vasilha.
Adicione a água e o sal. Deixe descansar por
cinco minutos. Coloque na cuscuzeira e a
seguir para cozinhar. Retire do fogo quando
estiver cheirando a milho. Este cuscuz pode
ser consumido com ovos, queijo, manteiga,
coco, leite de coco, carne, frango, etc.

Omelete de banana da Pastoral da Criança

Ingredientes
• 4 ovos
• óleo para untar a forma
• 3 bananas
• 1 colher (sopa), rasa de maizena
ou farinha de mandioca
• meia colherinha de sal
(pitada pequena)
Modo de fazer:
Bata as claras, junte as gemas e
misture a maizena e o sal. Leve uma
frigideira ao fogo com pouco óleo e
deixe esquentar. Coloque um pouco da
mistura. Junte as bananas cortadas em
fatias finas. Dobre o omelete e deixe
terminar de assar.

sábado, 16 de abril de 2011

Farofa de banana da Pastoral da Criança

Ingredientes:
• 3 bananas
• 2 tomates picados
• 1/2 copo de óleo
• 1 copo de fubá torrado ou précozido
• 1/2 copo de farinha de
mandioca
• 1 pires de cheiro verde
• 1 cebola média picada
• Sal a gosto
Modo de fazer:
Refogar em um pouco de óleo, a
casca da banana picada bem
fina, a banana picada em rodelas
e o tomate. Acrescentar o fubá e
a farinha de mandioca. Mexer
em fogo baixo até tudo ficar bem
refogado. Apagar o fogo, colocar
o restante do óleo e o cheiro
verde.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Anexo I: A cozinha e seus segredos Receitinhas que despertam a curiosidade das mães

Bolo de Feijão com calda de Açúcar
Ingredientes:
• 250g de feijão carioca ou branco cozido com o caldo (sem tempero)
• 1/2 kg de farinha de trigo
• 250g de açúcar cristal ou rapadura
• 3 ovos inteiros
• 1 colher de chá de noz moscada ou amendoim
• 100ml de óleo
• 1 colher de sopa de fermento em pó para bolo
Modo de fazer a massa do bolo:
Primeiro misture os ingredientes secos (farinha de trigo, açúcar/rapadura e
noz moscada) e separe. Bata no liquidificador o feijão com os ovos e o óleo.
Depois misture com os ingredientes secos, adicione a noz moscada e por último
o fermento.
Observação: Você pode substituir o açúcar cristal pelo refinado, ou mascavo,
se forem mais comum na sua região. A noz moscada também é um temperinho
para dar aquele gostinho especial no bolo, mas que você pode substituir por
algum outro alimento de mais fácil acesso ou de sua preferência.
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Ingredientes da calda:
• 300g de açúcar: refinado, cristal, mascavo ou rapadura
• 10 folhas de hortelã ou 2 folhas de aniz picadas
• 100ml de água
Modo de fazer:
Coloque o açúcar com água para ferver até o ponto de fio, desligue o fogo
e adicione as folhas de hortelã ou aniz.
Despeje a calda na fôrma sem untar. Depois despeje a massa do bolo e
leve ao forno pré-aquecido por cerca de 30 a 40 minutos. Depois de assado,
vire em uma tábua decorada ou prato e está ponto para ser saboreado.
A sugestão de preparar um bolo utilizando o feijão é indicada justamente
por parecer estranho, pois com isso mostramos para as mães que os alimentos
podem ser feitos de modo diferente daquele que conhecemos. Esta estratégia
de educação visa preparar as mães para acolher com menos resistência às
novidades propostas por este livro. A Pastoral da Criança não pretende que o
uso do feijão no bolo se torne um novo hábito alimentar, embora possa até ser
uma alternativa para aquelas crianças que não comem o feijão cozido.
Entretanto, precisamos lembrar que não devemos comer esse bolo com
freqüência, pois contém muito açúcar.
Atenção: o açúcar não deve ser consumido em grande
quantidade. Ele é bastante calórico, provoca cáries, leva à
obesidade e diabetes. Tente diminuir o consumo de
alimentos com açúcar no seu dia-a-dia (doces, geléias,
refrigerantes) e evite acrescentar muito açúcar às
preparações de sucos, chás, cafés e leites.

Como podemos usar ainda mais as ações básicas da Pastoral da Criança para promover a Alimentação Saudável?

As ações básicas da Pastoral da Criança – a Visita Domiciliar, Dia da
Celebração da Vida e a Reunião para Reflexão e Avaliação são ótimos
momentos para promover a Alimentação Saudável.
Líder, essa rica troca de experiências não precisa terminar nesses três
momentos. Ela pode e deve continuar sendo usada em todos os momentos e
ações da Pastoral da Criança, como por exemplo:
Que tal em um dia de Celebração da Vida levar alguma mudinha e depois
promover um debate com as famílias. Pergunte o que elas plantam, como
plantam, o que as motiva a plantar; para as famílias que não plantam,
pergunte se gostariam de plantar e que ajuda precisam.
E, quem tem um alimento plantado em casa como por exemplo um pé de
limão ou caju pode partilhar neste dia de celebração com a preparação de suco
para as crianças.
Com a leitura de textos, depoimentos de experiências locais ou fotografias, é
possível motivar e levar o tema HORTAS CASEIRAS para a comunidade.
• Nas Visitas Domiciliares é que a conversa sobre o plantio nos quintais
pode começar. É importante observar a situação dos quintais das famílias.
Em muitos quintais encontramos objetos como restos de obras, bacias,
vasos, ou lixo, amontoados no lugar onde poderia haver produção de
alimentos. Muitos desses restos avaliados como sucatas podem ser
utilizados como material para o plantio, principalmente quando se trata
das áreas sem saneamento básico, onde a qualidade da terra está
comprometida. O líder tem um papel muito importante de incentivar as
famílias a fazerem uma “revolução” nos seus quintais, aproveitando até
mesmo os mínimos espaços para cultivarem alimentos.
• Na Celebração da Vida, incentive as mães a preparar algo que
aprenderam e a trocar experiências.
• Podem ser organizadas Rodas de Conversa, convidando as pessoas da
comunidade, associações do bairro, escolas, as famílias acompanhadas
pela Pastoral da Criança. Nestas reuniões, muitas coisas podem ser
combinadas, tais como mutirões, trocas de sementes e mudas, além de
planejar outras ações e compromissos de cada um. O importante é
incorporar esse tipo de conversa junto às famílias.
• Uma outra sugestão são as Visitas de Intercâmbio com outras
comunidades, como forma de trocar experiências, pois a melhor maneira
de aprender sobre como plantar é com as pessoas que têm experiência no
assunto. Essas visitas também
servem para a troca de mudas e
sementes. As visitas de
intercâmbio podem ser
combinadas nas reuniões, na
celebração da vida ou mesmo nas
visitas domiciliares. O importante
é formar um grupo interessado
no assunto. Certamente vamos
encontrar pessoas muito
motivadas e que nos ajudarão
nesse processo.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sugestão de roteiro para o 3º momento: Hortas Caseiras

Acolhida e Oração inicial
Avaliar
1. Você preparou alguma das receitas que você aprendeu?
2. O que a sua família achou das receitas que você aprendeu no nosso
último encontro?
3. Que dúvidas e descobertas você fez em casa?
4. O que você aprendeu ajudou a economizar e ter uma alimentação
saudável?
Celebrar
Vamos escolher e partilhar uma mensagem, oração ou citação bíblica que
celebre o dom da vida e nos ajude a refletir sobre a importância de uma
Alimentação Saudável? Uma sugestão é:
“Eis que vos dou toda a erva que dá semente sobre a terra,
e todas as árvores frutíferas que contêm em si mesmas
sua semente, para que vos sirvam de alimento”
Gn 1,29
3. Ver
1. Quem do grupo tem alguma coisa plantada em sua casa?
2. As pessoas do grupo gostariam de ter uma horta em suas casas?
3. O que gostariam de plantar?
4. Na minha casa, onde poderia arranjar um espacinho para plantar?
Julgar
Onde fazer uma horta? As hortas podem ser de quintal, de jardim, de rua, de
vaso – vasilha de barro, de garrafa PET (garrafas descartáveis de refrigerante,
leite, yogurte, banha e outros). Pode ser horta no chão, e pode ser na parede.
Com um pouco de terra, semente, água, muito cuidado, carinho, criatividade e
sol muito alimento vai nascer e crescer! Vejam alguns exemplos de pequenos
espaços e grande criatividade no Anexo V.
Líder, você incentivando as famílias a aproveitarem os espaços para plantar
vai trazer muitos benefícios para elas, para a comunidade, para o meio
ambiente e para todos que se envolverem nesta missão.
Um jeito de plantar e cuidar tanto da nossa saúde como da natureza é utilizar
adubos naturais, que não prejudicam o meio ambiente. Há várias formas de plantio e
é mais fácil do que imaginamos. Precisa ter um pequeno espacinho com terra,
algumas sementes ou mudas e disposição para cuidar das suas plantinhas. Pode ter
certeza que o resultado compensa. Vejam algumas dicas sobre o plantio no Anexo V.
Agir
Vamos começar esse trabalho na nossa
comunidade?
O objetivo desse momento é identificar
e visitar quem já possui algum tipo de
plantação em casa, para que o grupo
veja os alimentos e temperos que já são
plantados na comunidade.
21
Nelson A. Neumann
22
Também é nesse momento que o grupo pode aproveitar para visitar algumas
casas dos participantes e identificar locais e formas de fazer uma horta, como
mostra o Anexo V. O ideal é que nesse dia vocês possam promover a prática de
uma pequena horta. Isso pode ser feito no quintal de algum participante,
plantando mudas em um vaso, balde ou até em uma garrafa PET. O importante
é despertar nos participantes a vontade de cultivar uma horta em sua casa,
mostrando os benefícios e ensinando o passo a passo.
Algumas vantagens de se ter uma horta caseira:
• usar os espaços do quintal para plantar e colher alimentos, evitando o
acúmulo de lixo ou entulhos e a proliferação de insetos.
• diminuir gastos com alimentos.
• ter acesso a alimentos de qualidade, fresquinhos, no quintal de casa.
• aproveitar o lixo orgânico como adubo para as plantas.
• melhorar a alimentação e a saúde da família toda.
• poder trocar experiências sobre o plantio com nossos vizinhos, amigos e parentes.
• trocar mudas e plantas com os vizinhos.
• ensinar as crianças a plantar e a desde cedo respeitar a natureza.
Incentivar as famílias a aproveitarem os seus espaços na cidade para plantar é
um processo de aprendizado, paciência e dedicação. Certamente muitos de vocês,
líderes, vieram da roça e têm experiências com plantações. É possível que muitos
tenham plantas em seus quintais e podem apoiar o trabalho doando sementes e
mudas, além de colaborar partilhando suas experiências de como plantar.
Dica: distribua mudas para os participantes. Assim eles já
podem começar sua horta. Você, líder, pode conseguir
essas mudas gratuitamente com a prefeitura ou pedir
para alguém da sua comunidade que tenha experiência
com sementeiras (vide página 51)

3º momento: Hortas Caseiras

Uma missão importante para promover a alimentação saudável é olhar para os
quintais do bairro, o que ali nasce e o que ali pode nascer; é também escutar as
histórias de pessoas do lugar, os seus costumes e a forma como se alimentam. É
preciso conhecer a realidade.
Tem a realidade da família. Tem a realidade da comunidade. Tem a realidade da
Pastoral da Criança que, nas suas ações básicas, já levanta uma série de informações
sobre a comunidade em que atua. Então, vamos usar bem estas informações e
construir um novo conhecimento junto com a família, pois promover uma
alimentação saudável não é transmitir, mas trocar conhecimento!
É na comunidade que as famílias
moram, fazem amigos, onde elas
compram seus alimentos, e
também onde estão os recursos que
podem ajudar a melhorar a
segurança alimentar e nutricional
das famílias.
Para começar, podemos
conversar com o grupo e ver:
• se há árvores frutíferas e qual
a sua época.
• se há pessoas que têm horta
em casa
• se há outras instituições que
promovem a alimentação
saudável.
Nelson A. Neumann
Ao conhecer um pouco mais da comunidade e o que ela oferece, vamos
encontrando muitos benefícios que vão contribuir com a alimentação saudável das
famílias.
Quem é que não gosta de um alimento bem fresquinho, tirado diretamente da
horta? Ter uma horta caseira ou um roçado em casa ajuda enriquecer a alimentação
da família, aproxima o ser humano da natureza, protege e embeleza o meio
ambiente e outras coisas boas surgem de uma semente plantada em casa. Em
uma pequena horta é uma alegria ver o alimento crescer e dá gosto de comer.
Aldenora P. da Silva

Sugestão de roteiro para o 2º momento: Prática na cozinha

Acolhida e Oração inicial
Vamos escolher e partilhar uma mensagem, oração ou citação bíblica que
celebre o dom da vida e nos ajude a refletir sobre a importância de uma
Alimentação Saudável? Uma sugestão é:
“Todos comeram, ficaram satisfeitos, e ainda recolheram doze cestos
cheios de pedaços que sobraram” (Mt 14, 20)
Algumas perguntas podem servir como pé-de-conversa e ajudar a:
Ver
• Estes alimentos que
vocês trouxeram vieram
de onde? Foram
comprados ou colhidos
na sua horta ou roça?
• Como vocês costumam
preparar estes
alimentos? Alguém tem
dicas sobre como usar
estes alimentos com
pouco ou nenhum
desperdício?
Aldenora P. da Silva
Julgar
• Onde estes alimentos foram plantados? Será que sabemos como são
produzidos os alimentos que compramos?
Agir
Prática de cozinha: Como preparar uma farofa
gostosa? Qual a quantidade certa de feijão cru por
pessoa? E o arroz, mais molhadinho ou sequinho? Tem
gente que só gosta de feijão preto com caldo ralo, tem
aquele outro que só gosta do carioquinha
e com um caldo bem grosso. E a salada?
Alguns comem só com sal, outros com sal,
vinagre ou limão e um fiozinho de óleo.
Outros ainda tem o costume de comer
com açúcar. São muitos os gostos! E, para
preparar aquela comidinha gostosa para a
família, toda cozinha tem os seus segredos.
Os segredos começam na hora de escolher
o alimento: cheirar, ver a cor, tocar. Tudo
isso vai nos dizer se o alimento está bom
ou não. Onde vou comprar, onde vendem
alimentos mais frescos, e claro, onde é
mais barato, também fazem parte de
como escolher bem.
Os alimentos da época e da região são mais frescos,
mais baratos e mais gostosos.
Fernando Souza
Chegou a hora de colocar a “mão na massa”. A sugestão é reunir todos os
participantes na cozinha e começar a preparar as receitas que foram escolhidas
por vocês no primeiro momento. Todo mês, no Jornal da Pastoral da Criança é
publicada uma receita.
O Anexo I desse livro traz dicas e sugestões para essa farofa e algumas outras
receitas simples de preparar, com ingredientes facilmente encontrados e com
preço acessível. As receitas do “Bolo de feijão com calda de açúcar”, da “Farofa
da casca da banana” e do “Suco de couve com limão” são ótimas opções.
A higiene ajuda a tornar os alimentos ainda mais saudáveis.
Converse e faça com o grupo as dicas de higiene do Anexo II.
Um ótimo e delicioso trabalho para vocês!
1. Organização e preparação dos alimentos.
Os alimentos estão na cozinha, e agora? Se está tudo bagunçado, vamos
arrumar e organizar, se está tudo sujo, mãos-à-obra, vamos limpar! Tudo
pronto para começar o preparo, inclusive cabelos presos ou protegidos,
unhas limpas, mãos lavadas, afinal, não seria legal encontrar cabelo na
comida e nem ver alguém doente por causa da comida que a gente fez. E
para não sujar a roupa ou manchá-la, usar um avental também é legal!
2. Distribuição de tarefas.
Agora é hora de definirmos quem vai fazer o quê. É importante conversar
com o grupo e descobrir o que cada um gosta mais de fazer. Tem gente
que não gosta de ir para a frente do fogão, mas se dá super bem cortando
os legumes. O ideal é aproveitar os dons de cada um. Escolha
participantes para cuidar da higiene dos alimentos, para cortar os
ingredientes, para comandar o fogão, para servir o lanche, para limpeza
do local etc.
3. Acompanhe a tarefa dos participantes.
Enquanto estão sendo preparadas as receitas, você pode ir conversando
com o grupo sobre os benefícios que cada alimento desses traz para a
saúde, cada vitamina que contém (veja no Guia do Líder, páginas 29 a
33). Assim a conversa vai ficar ainda mais rica.
Também é ótimo aproveitar esse tempo para trocar dicas de preparo e
formas de aproveitar melhor os alimentos.
Para avaliar os alimentos você pode observar a tabela do
Anexo III. Aproveite para colher as dicas do grupo
e enriquecer ainda mais a conversa.
Avaliar e celebrar
Esse é o momento da confraternização do grupo! Depois dos pratos prontos,
é hora de comermos todos juntos, celebrando a nossa união e o fruto do nosso
trabalho.
Vamos aproveitar para combinar o próximo momento, em que será
conversado sobre a possibilidade de cada um ter uma pequena horta em casa
(dia, hora e local). Para esse dia, já é bom deixar agendada uma visita na casa
de um dos participantes do grupo que tenha alguma coisa plantada ou que
queira fazer uma pequena horta.

2º momento: Prática na cozinha

A proposta da Pastoral da Criança é tornar a alimentação do dia-a-dia mais
saudável, uma vez que pesquisas demonstram que a alimentação de muitos
brasileiros é pouco variada e, assim, pobre em nutrientes. Desta forma, a
proposta de uma Alimentação Saudável contém todos os nutrientes
(gorduras, vitaminas, minerais, carboidratos e proteínas) na quantidade
suficiente que nós precisamos (vejam as páginas 29 a 33 do Guia do Líder).
Aprendendo a aproveitar melhor os alimentos podemos ter tudo isso sem gastar
muito, ou seja, podemos ter mais saúde e com economia.
Os nutrientes devem ser consumidos em quantidades adequadas, pois cada
um deles desempenha uma função importante no nosso corpo. Por outro lado,
uma alimentação pouco variada e rica em calorias pode causar aumento da
gordura do nosso corpo e falta de outros nutrientes. E aí podem aparecer as
doenças! Não existe um alimento super poderoso: existem combinações de
alimentos em que um complementa o outro. É o caso de um prato de comida
colorido (arroz, feijão e hortaliças de várias cores).
O objetivo desse momento é aprendermos na prática como aproveitar melhor
os alimentos que temos em casa e trocar experiências sobre formas de preparo e
receitas. Para aproveitar melhor o tempo, sugerimos que sejam escolhidas duas
receitas para serem preparadas e discutidas entre vocês. É bom que cada
participante fale sobre os seus truques e dicas, tornando o momento prático de
aprendizado em uma deliciosa reunião na cozinha!
“Que cada um dê conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar
nem constrangimento, pois ‘Deus ama quem dá com alegria.’ ”
2 Cor 9,

Sugestão de roteiro para o 1º momento: Sensibilização das mães

Acolhida, Apresentação e Oração inicial
Vamos escolher e partilhar uma mensagem, oração ou citação bíblica que
celebre o dom da vida e nos ajude a refletir sobre a importância de uma
Alimentação Saudável? Uma sugestão é:
“Nada é melhor para alguém do que comer e beber, e exibir os frutos
de seus trabalhos: e vejo que isto vem da mão de Deus.” (Ecl 2, 24)
Algumas perguntas podem servir
como pé-de-conversa e ajudar a:
Ver
• Quais são os alimentos mais usados
no dia-a-dia da alimentação da sua
família?
• De onde vêm esses alimentos?
• Algum desses alimentos é
produzido ou plantado em sua
casa?
• Por que escolhe esses alimentos?
• Como costuma preparar esses
alimentos?
• Quais alimentos lembram sua
infância?
Nelson A. Neumann

Julgar
As páginas 29 a 33 do Guia do Líder trazem muitas dicas sobre a alimentação
saudável. O conteúdo da pág. 44 pode ajudar na conversa com as famílias.
“Todos têm direito a uma alimentação saudável, acessível, de qualidade, e em
quantidade suficiente e de modo permanente”. Isso é o que é chamado de
Segurança Alimentar e Nutricional e garantido por Lei nº 11.346, de 15 de
setembro de 2006:
Segundo essa lei, alimentação adequada é direito básico de todo ser humano
e indispensável, devendo o poder público adotar as políticas e ações que se
façam necessárias para promover e garantir a segurança alimentar e nutricional
da população.
Conforme o artigo 3º da Lei 11.346, ter direito à alimentação é conquistar:
• a garantia de acesso diário a alimentos em quantidade e qualidade
suficientes para atender as necessidades básicas do corpo, mantendo a
saúde física e mental.
Eli Pio
• o acesso aos recursos necessários para produzir ou comprar alimentos
saudáveis e seguros (sem contaminações por resíduos de produtos
químicos ou por germes).
• a possibilidade de ter para a família uma alimentação de acordo com os
hábitos e práticas alimentares próprios da sua cultura, de sua origem
étnica ou da sua região.
• a garantia de poder comer alimentos seguros e saudáveis, sejam eles
preparados e distribuídos em casa, na escola, no trabalho, ou vendidos
em restaurantes, bares ou outros estabelecimentos comerciais.
• o acesso a informações corretas sobre os componentes dos alimentos –
ingredientes, nutrientes etc.
• o conhecimento sobre as práticas alimentares e estilos de vida saudáveis
para promover e proteger a saúde, garantindo a qualidade de vida.
• a consciência sobre os riscos à saúde e ao meio ambiente, causados por
práticas inadequadas desde a produção até o consumo de alimentos.
Líder, leia e converse com as mães sobre alimentação,
principalmente sobre a página 33 do Guia do Líder.
1. Diante dessas informações, vocês acham que a nossa alimentação do diaa-
dia está boa?
2. Como podemos tornar nossa alimentação ainda melhor?
3. Como podemos nos mobilizar e participar para enfrentar essas questões e
caminhar para a conquista destes direitos?
“Herdamos do indígena a base da nutrição popular, os complexos
alimentares da mandioca, do milho, da batata e do feijão”. Câmara Cascudo
Agir
1. O que cada um de vocês tem em casa que poderia trazer para o próximo
momento, quando faremos uma prática na cozinha?
Essa partilha deve sempre:
• dar preferência para os alimentos que são produzidos ou plantados em
casa.
• partilhar alimentos que não vão fazer falta para a alimentação da
família, nem pesar no bolso.
2. Listar os alimentos que serão trazidos e construir duas receitas que
podem ser feitas com eles.
3. Marcar o dia, hora e o local da prática, que deve ser em um espaço de
cozinha.
Aldenora P. da Silva

1º momento: Sensibilização das mães

Falar da comida que mais gostamos é falar também da nossa história, sobre
as coisas que influenciam o nosso gosto por um tipo de alimento ou comida. É
na cozinha de casa que começa esta história saborosa.
A base do nosso hábito alimentar está ligada ao local onde crescemos, à
história da nossa família e até à história do Brasil. Na cozinha podemos dizer
que há muito mais que panelas, talheres e fogão. Tem muita coisa para contar
e lembrar: os cheiros, as conversas em volta da mesa, a comida especial de
domingo e muito mais.
Por isso, o objetivo desse primeiro momento é promover uma conversa com
as mães da sua comunidade para conhecer um pouco mais das práticas
utilizadas por elas no dia-a-dia da cozinha e animá-las a participar dessa
partilha de conhecimento sobre Alimentação Saudável, para que possam
trocar experiências e enriquecer ainda mais a alimentação de toda a família.
Para que isto aconteça é importante que você, líder, prepare uma reunião de
no máximo duas horas para conversar com as mães. Esse precisa ser um
momento gostoso, com gostinho de bate-papo, em que cada um tenha espaço
para contar sobre a alimentação da sua família e se sinta animado a participar
dos outros momentos. Uma sugestão que costuma funcionar é oferecer, nesta
reunião, um lanche com alimentos que despertem a curiosidade das mães.
“Não vos esqueçais da prática do bem e da partilha,
pois estes são os sacrifícios que agradam a Deus”.
Hb 13, 16

quarta-feira, 16 de março de 2011

Partilhando conhecimentos sobre Alimentação

Há muitas formas de trocar conhecimentos sobre alimentação. Neste
livro reunimos algumas das ricas experiências que a Pastoral da Criança
vem realizando em todo o Brasil e no exterior. Experiências essas que
foram feitas, na sua maioria, por líderes como você, e em comunidades
muito parecidas com a sua.
Essa experiência tem mostrado que o mais prazeroso e que melhor funciona
é trocar conhecimentos nos locais onde são produzidos e preparados os
alimentos, ou seja, na horta e na cozinha.
Por isso, a proposta deste material é que você, líder, que está sendo
capacitada nesta ação, realize, ao menos, três momentos de conversa e prática
sobre Alimentação Saudável com as mães de sua comunidade. Temos certeza
de que serão momentos muito ricos e agradáveis.
1. Sensibilização das mães
2. Prática na cozinha
3. Prática em hortas caseiras
Como você já sabe preparar
reuniões e conversar com as
mães, o roteiro a seguir é
apenas uma sugestão. Você
deve encontrar a sua forma de
fazer esses momentos, sempre
de acordo com a realidade da
sua comunidade.
Eli

Relembrando o Passado

Sempre achei muito importante e
proveitoso recordar alguns
momentos do nosso passado. Quem
não se lembra do local aonde
morava na infância? Longe de mim
querer ser saudosista, mas não
posso deixar de lembrar da minha.
Nasci e cresci em um pequeno sítio,
onde cada espaço de terra era
muito bem ocupado para plantar e
colher a maioria dos alimentos que
iríamos consumir.
Meus pais plantavam um
pouquinho de tudo e nos envolviam
nessa prazerosa tarefa. Como era
gostoso mexer a terra, fazer
pequenos buracos para receber as
sementes, plantar, regar, e
sobretudo ver crescer o alimento,
dia após dia, até que ele iria direto
para a mesa. Nos sentíamos
orgulhosos.
Infelizmente esse hábito de
plantar aos poucos foi se
distanciando de nós. Hoje tudo
parece estar mais fácil. Vamos ao
mercado e lá já compramos tudo
pronto, às vezes até embalado, o
mais prático possível. No entanto,
esquecemos que a alimentação é
muito importante na nossa vida e
que devemos dedicar um tempinho
para cuidar dela se quisermos ter
saúde e viver bem.
Cuidando melhor da nossa
alimentação teremos uma melhor
qualidade de vida e estaremos
também colaborando com o projeto
de Jesus que nos diz : “Eu vim para
que todos tenham vida e a tenha
em abundância” ( Jo, 10- 10 )
Ir. Vera Lúcia Altoé
Coordenadora Nacional
da Pastoral da Criança

Alimentação e Hortas Caseiras na Pastoral da Criança

Apresentação
Ir. Vera Lúcia Altoé Dom Aldo di Cillo Pagotto, sss
Coordenadora Nacional Presidente do Conselho Diretor
da Pastoral da Criança da Pastoral da Criança
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Em todas as culturas, a convivência
humana e a comemoração das alegrias
ocorrem em torno da mesa e dos
alimentos. A alimentação, como função
biológica, tem a finalidade de sustentar
o corpo. Mas vai muito além disso: é
expressão de convívio, instrumento de
comunhão fraterna e de partilha.
Sabemos que a Mãe Natureza tem
recursos suficientes. Ela é boa e
generosa. Uma pena que muitas vezes
algumas poucas pessoas acabem
consumindo muito e com isso falte
alimentos na mesa do nosso irmão. É
preciso voltarmos a relembrar os
primeiros cristãos que “viviam unidos e
possuíam tudo em comum... tomavam
a refeição com alegria e simplicidade.“
(Atos. cf. 2, 44 e 46). Cuidar da
alimentação sadia e lutar para que ela
seja acessível a todos não é somente
um princípio da humanidade. É
também um caminho de partilha.
Dentro deste contexto de busca de
mais vida e partilha, a Pastoral da
Criança vem nos desafiar e nos brindar
mais uma vez com um rico e prático
livro sobre Alimentação e Hortas
Caseiras. É com grande alegria que
gostaríamos de partilhar com vocês,
coordenadores, líderes e mães, um
pouco de conhecimento na área da
alimentação e das hortas caseiras.
Nossos votos é que esses
conhecimentos possam fazer parte do
cotidiano de vocês e contribuam,
assim, para que nossas famílias tenham
uma vida mais digna e saudável.
Esse livro nos traz conteúdos sobre
alimentação, aproveitamento dos
alimentos, dicas para fazer uma horta
em nossa casa e várias receitas
saborosas e fáceis de preparar. Testem,
experimentem, inventem, pois tudo isso
é para nos ajudar a buscar uma vida
mais plena e saudável. Mãos à obra!

Multimistura (Receita da Pastoral da Criança para desnutrição e anemia)

50 gr de casca de ovo fervida, torrada e triturada (opcional)
50 gr de semente de abóbora torrada ou semente de gergelim triturada
600 gr de farelo de arroz triturado e cozido (sem colocar água)
200 gr de farinha de milho ou fubá
100 gr de pó de folha de mandioca (aipim) torrada no forno baixo, triturada e peneirada (contém ferro e vit C)
Misturar tudo.
Pode ser guardada na geladeira por 4 meses.
Não deve ser cozida.

Criança pequena: comer 2 colheres de chá por dia misturada na comida ou sucos.
Adultos: 2 colheres de sopa

Atenção: A folha de mandioca brava é tóxica, NÃO USE.
Deve ser usada a folha de MANDIOCA DOCE (Macaxeira ou aipim), que é a mandioca comestível, e deve ser torrada no forno do fogão, em potência baixa.

Zilda Arns e o soro caseiro que salvou milhares de crianças

Médica pediatra sistematizou ações básicas de saúde responsáveis em reduzir a mortalidade infantil

13 de janeiro de 2010 | 17h 51
José Maria Mayrink, de O Estado de S.Paulo
Se os homens fecham as janelas, Deus abre uma porta - assim pensou a médica Zilda Arns Neumann, depois de conversar com o cardeal d. Paulo Evaristo Arns, um de seus 12 irmãos, que lhe telefonara para perguntar se aceitava empreender uma obra capaz de salvar milhões de crianças. Pediatra e sanitarista, viúva e mãe de cinco filhos, ela estava encostada atrás de uma mesa da burocracia da Secretaria de Saúde do Paraná, após 23 anos de trabalho - os últimos 13 como diretora de Saúde Materno - Infantil do Estado, em Curitiba. Coisas da política, numa hora de mudança de governo, punição para uma funcionária dedicada que não tinha ideologia nem filiação partidária.
Nilton Fukuda/AE - 14/05/2007
Nilton Fukuda/AE - 14/05/2007
Zilda Arns, durante visita do papa ao Brasil
Veja também:
link A última campanha de Zilda
linkZilda Arns e 11 militares brasileiros morrem em tremor no Haiti
linkComunidade internacional se mobiliza para enviar ajuda


linkTragédia e destruição no Haiti D. Paulo, então arcebispo de São Paulo, ligou para dar um recado do secretário-executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), James Grant, com quem acabara de se encontrar em Genebra, na Suíça. "Por que a Igreja Católica, que tem tanta influência nas camadas mais pobres da população, não faz uma campanha contra a desnutrição?", propôs Grant, dispondo-se a financiar a obra, se Dom Paulo quisesse começar por sua arquidiocese. O cardeal argumentou que não teria tempo para tal empreitada, mas sugeriu o nome da Dra. Zilda.
"Tenho uma irmã que é especialista na área e pode fazer isso", respondeu o cardeal e imediatamente levou a proposta adiante. "Não tenho grande mérito, a não ser o de aceitar a ideia", disse d. Paulo 20 anos depois, como se sua participação tivesse parado aí. Não parou. Foi ele também quem indicou o nome do então arcebispo de Londrina, d. Geraldo Majella Agnelo, para ajudar na organização de um projeto para reduzir a mortalidade infantil que se transformaria no ano seguinte, setembro de 1983, na Pastoral da Criança. Foi um trabalho árduo que a Dra. Zilda iniciou em casa, numa noite de vigília e oração.
Começou conversando com os filhos na cozinha, onde se reunia com eles antes de irem dormir, para tomar uma vitamina e contar as coisas do dia. "Dom Paulo me telefonou e a mãe vai preparar hoje à noite um projeto que vai salvar milhões de crianças no Brasil e no mundo", disse a Dra. Zilda, explicando o que pretendia fazer. Tomou um café preto para espantar o sono, pediu que Deus a ajudasse - "Vinde, Espírito Santo, enchei os corações de vossos fiéis" - e se pôs a meditar sobre aquele trecho do Evangelho que narra o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. "Se Jesus mandou que seus discípulos dessem de comer, eles mesmos, ao povo que estava com fome, achei que, em vez de ficar dependendo do governo, nossas famílias deviam se organizar para cuidar de seus filhos."
A experiência que a pediatra e sanitarista havia acumulado na assistência à população carente do Paraná valeu muito nessa hora. A Dra. Zilda achou que poderia construir seu projeto em cima das cinco ações básicas de saúde que, ela sabia, eram responsáveis pela redução da mortalidade infantil. Essas cinco ações são a saúde da gestante, o aleitamento materno, a vacinação, o soro caseiro e o controle do peso. Bem de acordo com o que queria o Unicef, pois James Grant estava entusiasmado com a eficácia do soro caseiro - duas medidas de açúcar e uma de sal, misturadas num copo d'água - que estava salvando milhares de crianças desnutridas em Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo. O segredo de tudo seria a solidariedade, o trabalho comunitário, envolvendo povo, governo e igrejas num esforço comum.
"Se a gente mapear as comunidades e descobrir lideranças que pudessem ser preparadas para trabalhar nas ações básicas, sem gastar dinheiro, para fazer bem aos vizinhos, em pouco tempo elas se multiplicariam, de família em família, num exército de voluntários", assim pensou a Dra. Zilda, em sua noite de vigília. Tudo no espírito da fraternidade cristã, sem interesse político ou qualquer tipo de discriminação, abrindo-se as portas para quem quisesse participar. Os colaboradores voluntários trabalhariam com a orientação de coordenadores, que lhes ensinariam o que é reidratação oral e a importância do aleitamento materno, mostrando que o soro caseiro é um santo remédio para diarreia e que muitos bebês se salvariam, em vez de morrerem antes de três a cinco meses de idade, só pelo fato de mamar no peito.
Florestópolis
Escolheu-se então o município de Florestópolis - 14.700 habitantes, 73% deles trabalhadores bóias-frias - para a implantação do projeto. Situado a 80 quilômetros de Londrina, arquidiocese de d. Geraldo Agnelo, que poderia acompanhar tudo de perto, era o campo ideal. Foi uma escolha acertada, pois em pouco tempo a mortalidade infantil de Florestópolis, que era de 127 por mil, baixou para 28 por mil. O diretor do Unicef em Brasília, o indiano Jabole Mathai, ficou impressionado com o resultado. Mandou um observador, o médico peruano Heron Lechtig, checar como havia acontecido o milagre e prometeu recursos para levar a obra adiante. A ajuda vinha na hora certa, pois se lutava com muita dificuldade, a Dra. Zilda viajando de ônibus ou pegando carona, entre Curitiba e o interior, para montar o projeto.
"Florestópolis era o fim do mundo, tinha o maior índice de mortalidade infantil do Estado e vivia sob a influência de uma usina de açúcar de Porecatu que pagava os bóias-frias com vales que eles tinham de gastar no mercado da fazenda, comprando coisas de que não precisavam", lembra d. Geraldo Agnelo, atualmente cardeal-primaz de Salvador e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). "Os fazendeiros não queriam que o bispo fosse fazer crismas em suas terras, propunham que as crianças fossem levadas à sede do município". d. Geraldo ia assim mesmo, ainda que estivesse chovendo e tivesse de caminhar a pé. Florestópolis nem padre tinha, era uma freira, Irmã Eugênia Piettà, quem dirigia a paróquia.
A participação de Irmã Eugênia foi providencial. Ela entrou de repente na sala, sem que ninguém a esperasse, quando a Dra. Zilda estava discutindo o projeto com d. Geraldo em Londrina, ainda sem saber como mobilizar o povo de Florestópolis. Ficou encantada com a ideia e saiu com o compromisso de convidar umas 20 pessoas, os futuros líderes, para uma reunião marcada para uma tarde de sábado. d. Geraldo celebraria uma missa na Matriz de São João Batista, a Dra. Zilda explicaria o que se pretendia fazer. A igreja lotou. Quando a médica perguntou quem queria que o projeto fosse para frente, todo mundo levantou o braço. Decidiu-se então dividir o município em comunidades por quarteirão e ver quem poderia visitar as famílias, casa por casa, para o planejamento inicial. A ideia era descobrir onde havia gestantes e crianças de até seis anos, anotar o endereço e escolher os voluntários que pudessem começar o trabalho.
Cruzes brancas
"Tem política? Se não tem, estou dentro", entusiasmou-se o professor Romeu Edson Paulino, diretor do colégio da cidade, disposto a colaborar, ele e sua mulher Idalina, na guerra contra a mortalidade infantil. "Sofremos muito aqui - eu, Irmã Eugênia e Irmã Ana Maria - porque os fazendeiros nos proibiam de entrar em suas terras, imaginando que fôssemos de algum movimento subversivo", lembra o professor. Fizeram um levantamento das doenças e publicaram fotos do cemitério, onde dezenas de cruzes brancas marcavam a área em que as crianças eram sepultadas, uma prova de que a mortalidade infantil era grande. O governador José Richa foi a Florestópolis por causa desse "escândalo", prometeu um desconto na conta de água para as 130 hortas comunitárias que o projeto estava construindo, mas não deu nada.
Eunice Vicente Cardoso, que participou da primeira reunião com a Dra. Zilda, disse que a cidade parou uma semana para o treinamento dos líderes. "Houve muita dificuldade, pois o povo não aceitou bem no começo, porque a gente perguntava sobre os hábitos da família, salário e renda, parecendo indiscrição", disse a futura coordenadora do Setor São José, onde ela pesava as crianças debaixo de uma árvore na Rua do Meio. Era assim: os voluntários instalavam balanças em galhos de árvores nos quintais e ali promoviam encontros para ensinar as mães a cuidar de seus filhos. "Não era fácil, porque queriam alguma coisa em troca", contou a assistente social Maria Alexandrina Vargas Scalassara, outra pioneira, de Londrina, que também participou da primeira reunião. Os bóias-frias dependiam de ajuda, pois eram mão-de-obra que só tinham serviço durante a safra, seis meses por ano.
Quando a Dra. Zilda voltou a Florestópolis, um mês após o lançamento do projeto, os líderes já eram 76, quase todos funcionários públicos, principalmente professoras. "Era muita gente, mas não dispensei ninguém, para não desanimar", disse a fundadora da Pastoral da Criança, que então dividiu os voluntários em cinco grupos, cada um encarregado de uma ação básica. Com a ajuda de técnicos da Secretaria da Saúde, a pediatra e sanitarista distribuiu apostilas para orientação dos primeiros coordenadores, que se reuniram na creche das irmãs Eugênia e Ana Maria.
"Nossa cidadezinha deu exemplo de garra e de força, mostrando que o povo se une nas horas difíceis", observou Eunice, entusiasmada com os frutos colhidos no trabalho comunitário. "As pessoas aprenderam a administrar a casa e eu, que era do lar, me abri para outros cursos, me beneficiei com palestras, fui funcionária da Associação de Pais e Amigos do Excepcional (Apae) e agora, já avó, estou estudando magistério".
Prego na panela
Como coordenadora de setor, Eunice convidou outras mulheres, entre elas a professora Neuza Souza Carnelossi, que havia participado da primeira reunião e trabalhou dez anos na Pastoral da Criança. "Não amamentei meus dois primeiros filhos, mas a pastoral salvou Mariana, que nasceu depois e não aumentava de peso, porque tinha problema de refluxo urinário." Neuza deixou a Pastoral da Criança, mas continua com outras atividades da paróquia, como evangelizadora e ministra da Eucaristia.
Ela e o marido, Walter Carnelossi, ajudavam trabalhando em casa, fazendo mistura de casca de ovo, folha de mandioca, farelo de arroz, farinha de trigo, pó de semente e soja, para reforçar a dieta de crianças desnutridas. Mães gestantes com anemia tomavam sopa cozinhada com um prego enferrujado na panela - uma maneira de garantir o ferro que faltava no sangue. Walter aprendeu a fazer leite de soja e mais tarde ajudou a produzir leite, farinha e sopa com a vaca mecânica que Florestópolis recebeu para o projeto.
"Comi muita farinha com farelo sem saber", recorda Maria Alexandrina, para mostrar como a mistura se incorporou de vez ao cardápio da Pastoral da Criança. Era uma alimentação alternativa, fruto da inventividade de quem lutava, sem muitos recursos, para combater a desnutrição.
Dezenas de crianças se salvaram em Florestópolis e municípios vizinhos com a ajuda da Pastoral da Criança. Uma delas foi Denise Guimarães, que aos 16 anos está fazendo o segundo ano do ensino médio e se preparando para o vestibular de Odontologia.
"Eu estava grávida quando cheguei de Maringá e contei para Eunice que, como achava que o leite era fraco, havia amamentado pouco o primeiro filho, Evandro", lembra Cleusa Lopes Guimarães, mãe de Denise e atualmente coordenadora de setor. Eunice acompanhou a gestação e, quando a menina nasceu, incentivou Cleusa a amamentar.
Denise mamou no peito até os dois anos de idade.
Pastoral centralizada
Vinte anos depois, Florestópolis - 12.398 habitantes, pelo último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - melhorou bastante, embora continue enfrentando problemas sociais, incluindo invasões de terras e um assentamento. "Os bóias-frias sofrem mais no período da entressafra", diz o padre Renato Colbert Bertin, há poucos meses na cidade.
Ao assumir a paróquia de São João Batista, ele confiou à Irmã Nelcy de Fátima Morais a coordenação da Pastoral da Criança, que em sua avaliação estava "meio lenta e muito centralizada". A Congregação das Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, à qual Irmã Nelcy pertence, dirige atualmente o colégio onde Irmã Eugênia Piettá, das Servas da Caridade, fez as primeiras reuniões da pastoral.
As coisas iam caminhando bem no segundo semestre de 1983, quando a Igreja decidiu transformar em Pastoral da Criança o projeto de redução da mortalidade infantil. O exemplo de Florestópolis suscitou iniciativas semelhantes em São Paulo - onde o então bispo auxiliar Dom Luciano Mendes de Almeida repetiu a experiência na região episcopal do bairro de Belém - e, logo em seguida, no Rio Grande do Sul.
A nomeação de d. Geraldo Majella Agnelo para a Comissão Episcopal de Pastoral (CEP) facilitou o processo, pois ele viajava com frequência a Brasília, onde tinha contato não só com outros bispos da CNBB mas também com a direção do Unicef. Foi do arcebispo de Londrina a ideia de chamar de pastoral o projeto iniciado pela Dra. Zilda.
Dom Geraldo fala das dificuldades que enfrentou:
"Houve resistência, no começo, porque se tratava de uma experiência nova e não se tinha uma visão clara de como devia ser organizada. Alguns achavam que a Pastoral da Criança deveria fazer parte da Pastoral da Saúde, que é mais ampla. Outros temiam que uma colaboração com o governo fosse comprometer a autonomia da CNBB, se a Pastoral da Criança viesse a ser usada como bandeira política. Isso não aconteceu. A parceria com o Ministério da Saúde (principal financiador da Pastoral da Criança) não interfere nas motivações, metas e prioridades da ação da Igreja."
Todos contra Pastoral
A Pastoral da Saúde e a Pastoral do Menor fizeram uma mobilização geral contra a Pastoral da Criança, quando souberam que ela estava assinando um convênio com o Inamps, sigla do antigo Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social. "Alegavam que o convênio ia amarrar a CNBB, que não permitiria que a Pastoral brigasse por melhores condições de vida para os pobres ou contra a corrupção no governo", lembra a Dra. Zilda.
"Por que o Ministério da Saúde vai gastar tanto dinheiro em hospitais para tratar de doenças que nós prevenimos?", argumentou a coordenadora para convencer o superintendente do Inamps, Ézio Cordeiro, a financiar o projeto. Convenceu, contando para isso com o apoio de uma amiga, a educadora sanitária Sophia Sarmiento, da Fundação Sesp.
"Sugeri que a Pastoral da Criança fizesse parte de um grupo maior, porque já existiam pastorais que cuidavam da saúde, do menor, das prostitutas e, no caso do Paraná, a Pastoral da Mulher", disse o bispo de Imperatriz (MA), d. Affonso Felippe Gregory, responsável na época pelo setor social na CNBB. Não se chegou a um acordo e ele votou contra o projeto - foi o único voto discordante na Comissão Episcopal de Pastoral.
Vinte anos depois, Dom Gregory elogiou o trabalho. "A Pastoral da Criança se impõe hoje pela magnitude, pois está presente na vida humana nos momentos mais delicados, cuidando da mãe antes de a criança nascer, acompanhando o parto e, quando vem o bebê, dando o soro caseiro e a alimentação alternativa para atender mãe e filho". Na diocese de Imperatriz, o escritório da Pastoral da Criança fica ao lado da sala do bispo.
Enquadramento
Outro crítico foi o bispo de Jales (SP), d. Luiz Demétrio Valentini, que também defendia o enquadramento da Pastoral da Criança num esforço mais amplo. Temia consequências negativas de uma eventual submissão ao governo. Cedeu à argumentação da Dra. Zilda, porque "logo se percebeu que havia diferenças significativas de atuação e de inserção nas políticas públicas do Ministério da Saúde".
D. Demétrio lembra que houve momentos de tensão maior. Quando, por exemplo, outras pastorais sentiram constrangimento com manifestações de apoio ao governo de Fernando Henrique Cardoso. "Houve ambiguidades até em faixas, mas isso foi superado", disse o bispo de Jales. A Dra. Zilda, em sua opinião, tem o mérito de haver assumido a liderança.
Em meio a toda essa discussão, levantou-se a voz de d. Serafim Fernandes de Araújo, então responsável pelo setor de comunicação social na CNBB. "Os argumentos contra não são nada mais que ideologias", advertiu o então arcebispo de Belo Horizonte, hoje cardeal, cujo voto decidiu o futuro da Pastoral da Criança.
A CNBB acompanha todos os passos da Pastoral da Criança, um dos 11 organismos de seu organograma. O responsável por ela é Dom Aloysio José Leal Penna, arcebispo de Botucatu (SP), que preside no Conselho Episcopal de Pastoral a comissão encarregada também da família e da educação.
Se a Pastoral da Criança presta contas aos tribunais do dinheiro recebido do governo, submete também à Igreja a estratégia e os resultados de seu trabalho. A Dra. Zilda Arns nunca faltou a uma assembleia geral dos bispos em Itaici, no município paulista de Indaiatuba, para apresentar no plenário um relatório de suas atividades.
Presente em todos os Estados brasileiros, seus 203 mil voluntários atuam principalmente nas periferias das cidades e nos bolsões de pobreza da zona rural. Em sua área de atuação, a taxa de mortalidade infantil é 60% menor do que a da média nacional. A pastoral trabalha em todas as dioceses e em 61% de suas paróquias. Embora seja um organismo da Igreja Católica, ela age como movimento ecumênico, sem discriminação, aberto a pessoas de outras religiões. Na Amazônia, uma coordenadora é evangélica da Assembleia de Deus.
20 anos; 15 ministros
O Ministério da Saúde é responsável por 80% dos recursos - cerca de R$ 20 milhões. Os outros 20% vêm do Unicef, das dioceses e de convênios menores. Nesses 20 anos, não houve dificuldade com o governo, com nenhuma administração. A Dra. Zilda, que nesse tempo teve de se entender com uns 15 ministros da Saúde, manifesta gratidão particular a alguns deles.
Alceni Guerra, que foi ministro de Fernando Collor e é paranaense, deu muito apoio ao programa. "A Pastoral da Criança vai ser uma das prioridades do governo", ele prometeu e cumpriu a promessa, pois fez um substancioso convênio com o projeto. No governo de Itamar Franco, houve atrasos de verbas, que o ministro da Saúde, Henrique Santillo, não conseguia liberar
"Recorri então ao ministro da Fazenda, que era o Fernando Henrique, que liberou o dinheiro, revela a Dra. Zilda. A médica entrou no gabinete dele sem marcar audiência, apenas mandou avisar que a irmã de Dom Paulo Evaristo Arns queria falar por cinco minutos com ele. "Quando FHC assumiu o governo, fiquei muito feliz, porque, desde o primeiro convênio, os pagamentos eram feitos em dia".
O ministro José Serra era um entusiasta da pastoral, cuja sede visitou duas vezes em Curitiba. "Se o Brasil todo fala bem da Pastoral da Criança, quero ser o maior parceiro dela", disse Serra. Foi ele quem sugeriu ao presidente da República que apresentasse as candidatura da Pastoral da Criança ao Prêmio Nobel da Paz.
No governo de Luiz Inácio Lula da Silva, as verbas não foram ainda reajustadas, mas o pagamento está em dia. "Lula, que escancarou a fome no Brasil, um problema que talvez muita gente não conhecia, mandou o ministro Tarso Genro me convidar para participar do Conselho de Segurança Alimentar e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social", disse a Dra. Zilda.
Ela aceitou o convite, embora não tenha muito tempo de assistir às reuniões, por causa de outros compromissos. Além de coordenar a Pastoral da Criança, a médica tem múltiplas atividades. Foi membro do Conselho Nacional da Saúde e dirigiu o serviço da Saúde Materno Infantil, do Ministério da Saúde. Engajou-se depois no Programa Fome Zero, ao qual manifestou um apoio crítico, com base em sua experiência anterior nessa área.
Aconselhou, por exemplo, o ministro José Graziano da Silva, do Ministério Extraordinário da Segurança Alimentar e Combate à Fome, a não exigir a apresentação de cupons ou de notas fiscais para uma família receber um auxílio. "Seria necessário nomear um batalhão de funcionários só para controlar isso, dinheiro jogado fora", argumentou a Dra. Zilda, apontando dificuldades especialmente na zona rural. Parece que convenceu, pois a ideia não foi adiante.
De Florestópolis para o mundo
Depois de se espalhar pelo Brasil, a Pastoral da Criança atravessou fronteiras para chegar a outros países da América Latina, África e Ásia. "Em Angola, comecei em 1994 um treinamento com 17 mulheres e hoje, menos de dez anos depois, há 2.500 angolanas capacitadas, trabalhando num programa igual ao nosso e atendendo a pelo menos dez mil crianças".
Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, México, Paraguai e Venezuela na América Latina; Guiné-Bissau e Moçambique na África; e Timor Leste e Filipinas na Ásia copiaram a receita com sucesso, sempre em benefício das populações mais pobres. O México levou a pastoral a comunidades indígenas - o que ocorre igualmente no Brasil. "Recebi também uma visita de ciganos, que são nômades, interessados em treinar líderes para cuidar das crianças", revela a Dra. Zilda.
A maioria dos 203 mil voluntários da Pastoral da Criança vem da própria comunidade. É gente que mora em favelas e palafitas, nos grandes bolsões de pobreza, onde a desnutrição ameaça e as doenças matam mais. Esses voluntários recebem a orientação de sete mil equipes de coordenação - profissionais, aposentadas e pessoas idosas, mas também jovens, todos muito animados e atuantes.
Sentem orgulho de vestir a camiseta da Pastoral, com a inscrição "para que todas as crianças tenham vida", o lema criado em 1983 por d. Geraldo Majella Agnelo - inspiração do Evangelho - quando o incipiente projeto de redução da mortalidade infantil começava a engatinhar no norte do Paraná. Todo mundo uniformizado, as reuniões para o Dia do Peso são uma festa. Quem vai uma vez não quer mais faltar.
"A mãe de Juliana, que mudou para um sítio, prometeu trazer a menina todo mês para a gente pesar", disse a coordenadora de setor Juracy Jesus dos Santos, em Florestópolis, preocupada com o risco de a mulher não voltar. Juliana, que chegou à Pastoral com peso baixo, quando tinha um mês e meio de idade (tem quase dois anos agora), é hoje uma criança sadia, porque seguiu direitinho a dieta da multimistura.
A Pastoral da Criança tem uma estrutura simples. Em sua sede, em Curitiba, trabalham 40 funcionários contratados. Dali, num belo casarão recebido em comodato do governo estadual - antes, era um orfanato de meninas - eles controlam o movimento, sempre em contato com os coordenadores em todo o País. O material de apoio sai das salas da Rua Jacarezinho, n.º 1691, bairro das Mercês, onde funciona a Coordenação Nacional.
Quase nenhuma burocracia. "Quando vêm os auditores e fiscais do Tribunal de Contas da União, espalhamos os documentos em cima de uma mesa grande para eles examinarem. Fazemos isso quase todos os meses e, graças a Deus, nunca tivemos problemas", disse Dra. Zilda. A inspeção era feita antes em Brasília, mas o trabalho foi descentralizado. Uma economista, um contador e dois estagiários cuidam dos convênios.
Técnicos, contratados pela média do mercado, preparam o material educativo, treinam os multiplicadores e acompanham as ações. Digitadores processam nos computadores as fichas manuscritas que chegam de todos os cantos do Brasil. Além do controle das cinco ações básicas, segredo da eficácia do programa, a Pastoral da Criança promove cursos de alfabetização de adultos, círculos bíblicos, encontros de reflexão, oficinas de avaliação...tudo na linha de evangelização da Igreja.
Comunicação
O Jornal Pastoral da Criança, com uma tiragem mensal de 250 mil exemplares e também disponível na Internet (www.pastoraldacrianca.org.br) registra o que o programa está fazendo, transmite as orientações da Coordenação Nacional e publica pequenas reportagens enviadas pelas comunidades sobre suas conquistas e suas dificuldades. Nem sempre há espaço para publicar tudo, mas nada fica sem resposta. Além de assinar uma coluna no jornal - Conversando com Você - a Dra. Zilda enviava cartas pessoais para animar as equipes.
A Coordenação Nacional produz também o programa semanal de rádio Viva a Vida, de 15 minutos, que é transmitido por 1.700 emissoras. Distribuído em fita cassete, ele é gravado em dois estúdios, para atender às diferenças regionais de linguagem - um em Curitiba, para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e outro em Teresina, para o Norte e Nordeste. Fala de temas como saúde, instrução, direitos e organização comunitária.
Antes de se mudar para a sede atual, a Pastoral da Criança funcionava na casa de Dra. Zilda, que tinha ali também seu consultório particular de pediatria. Meio apertado, mas deu para conciliar enquanto os colaboradores não eram tantos e não havia tanto material como hoje. Como a médica trabalhava também no serviço público, as coisas foram ficando cada dia mais complicadas, pois não havia tempo nem espaço para tudo.
"Meu consultório era quase uma extensão do posto de saúde, pois as pessoas batiam à minha porta a qualquer hora, às vezes até de madrugada", recorda a Dra. Zilda. Os pobres, principalmente os pobres, recorriam sempre a ela - o que significava 18 consultas de graça em cada 20. A situação ficou ainda mais difícil quando a coordenadora da Pastoral da Criança passou a viajar com mais frequência, com ausências de semanas seguidas. "Fico pouco em Curitiba, apenas alguns dias por mês".
De mãe para filho
Nelson Arns Neumann, que também é médico pediatra e assumiu a função de coordenador nacional adjunto, substitui a mãe durante as suas constantes viagens. Mergulhou de cabeça no programa, cujas atividades vem acompanhando desde a fundação - ele e os outros irmãos. Sempre seguiram tudo de perto, apoiando e dando palpites - o voluntariado em família.
Eram adolescentes e crianças, em 1983, quando a Dra. Zilda aproveitou a conversa, naquela noite em que fazia uma vitamina para eles na cozinha, para falar do telefonema de d. Paulo, o tio cardeal. Agora, Rubens é veterinário, Heloísa é psicóloga e Rogério é administrador de empresas. Sílvia, que também era administradora de empresas, morreu e deixou um filho, de três anos, que foi morar com a avó.
A família tem uma chácara, a 20 minutos do centro de Curitiba, que mãe e filhos compartilhavam, cada um em sua casa, como faziam os Arns em Forquilhinha, na colônia de imigrantes alemães de Santa Catarina, onde Zilda e seus 12 irmãos nasceram. D. Paulo, que costumava passar ali pelo menos uma semana de suas férias anuais, telefonava com frequência para matar a saudade dos parentes.
O cardeal pede também notícias da Pastoral da Criança. Sempre que pode, a Dra. Zilda o visitava em São Paulo, para trocar ideias e pedir conselhos.
Passavam horas conversando sobre a obra que sonharam e construíram juntos.