quarta-feira, 16 de março de 2011

Partilhando conhecimentos sobre Alimentação

Há muitas formas de trocar conhecimentos sobre alimentação. Neste
livro reunimos algumas das ricas experiências que a Pastoral da Criança
vem realizando em todo o Brasil e no exterior. Experiências essas que
foram feitas, na sua maioria, por líderes como você, e em comunidades
muito parecidas com a sua.
Essa experiência tem mostrado que o mais prazeroso e que melhor funciona
é trocar conhecimentos nos locais onde são produzidos e preparados os
alimentos, ou seja, na horta e na cozinha.
Por isso, a proposta deste material é que você, líder, que está sendo
capacitada nesta ação, realize, ao menos, três momentos de conversa e prática
sobre Alimentação Saudável com as mães de sua comunidade. Temos certeza
de que serão momentos muito ricos e agradáveis.
1. Sensibilização das mães
2. Prática na cozinha
3. Prática em hortas caseiras
Como você já sabe preparar
reuniões e conversar com as
mães, o roteiro a seguir é
apenas uma sugestão. Você
deve encontrar a sua forma de
fazer esses momentos, sempre
de acordo com a realidade da
sua comunidade.
Eli

Relembrando o Passado

Sempre achei muito importante e
proveitoso recordar alguns
momentos do nosso passado. Quem
não se lembra do local aonde
morava na infância? Longe de mim
querer ser saudosista, mas não
posso deixar de lembrar da minha.
Nasci e cresci em um pequeno sítio,
onde cada espaço de terra era
muito bem ocupado para plantar e
colher a maioria dos alimentos que
iríamos consumir.
Meus pais plantavam um
pouquinho de tudo e nos envolviam
nessa prazerosa tarefa. Como era
gostoso mexer a terra, fazer
pequenos buracos para receber as
sementes, plantar, regar, e
sobretudo ver crescer o alimento,
dia após dia, até que ele iria direto
para a mesa. Nos sentíamos
orgulhosos.
Infelizmente esse hábito de
plantar aos poucos foi se
distanciando de nós. Hoje tudo
parece estar mais fácil. Vamos ao
mercado e lá já compramos tudo
pronto, às vezes até embalado, o
mais prático possível. No entanto,
esquecemos que a alimentação é
muito importante na nossa vida e
que devemos dedicar um tempinho
para cuidar dela se quisermos ter
saúde e viver bem.
Cuidando melhor da nossa
alimentação teremos uma melhor
qualidade de vida e estaremos
também colaborando com o projeto
de Jesus que nos diz : “Eu vim para
que todos tenham vida e a tenha
em abundância” ( Jo, 10- 10 )
Ir. Vera Lúcia Altoé
Coordenadora Nacional
da Pastoral da Criança

Alimentação e Hortas Caseiras na Pastoral da Criança

Apresentação
Ir. Vera Lúcia Altoé Dom Aldo di Cillo Pagotto, sss
Coordenadora Nacional Presidente do Conselho Diretor
da Pastoral da Criança da Pastoral da Criança
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Em todas as culturas, a convivência
humana e a comemoração das alegrias
ocorrem em torno da mesa e dos
alimentos. A alimentação, como função
biológica, tem a finalidade de sustentar
o corpo. Mas vai muito além disso: é
expressão de convívio, instrumento de
comunhão fraterna e de partilha.
Sabemos que a Mãe Natureza tem
recursos suficientes. Ela é boa e
generosa. Uma pena que muitas vezes
algumas poucas pessoas acabem
consumindo muito e com isso falte
alimentos na mesa do nosso irmão. É
preciso voltarmos a relembrar os
primeiros cristãos que “viviam unidos e
possuíam tudo em comum... tomavam
a refeição com alegria e simplicidade.“
(Atos. cf. 2, 44 e 46). Cuidar da
alimentação sadia e lutar para que ela
seja acessível a todos não é somente
um princípio da humanidade. É
também um caminho de partilha.
Dentro deste contexto de busca de
mais vida e partilha, a Pastoral da
Criança vem nos desafiar e nos brindar
mais uma vez com um rico e prático
livro sobre Alimentação e Hortas
Caseiras. É com grande alegria que
gostaríamos de partilhar com vocês,
coordenadores, líderes e mães, um
pouco de conhecimento na área da
alimentação e das hortas caseiras.
Nossos votos é que esses
conhecimentos possam fazer parte do
cotidiano de vocês e contribuam,
assim, para que nossas famílias tenham
uma vida mais digna e saudável.
Esse livro nos traz conteúdos sobre
alimentação, aproveitamento dos
alimentos, dicas para fazer uma horta
em nossa casa e várias receitas
saborosas e fáceis de preparar. Testem,
experimentem, inventem, pois tudo isso
é para nos ajudar a buscar uma vida
mais plena e saudável. Mãos à obra!

Multimistura (Receita da Pastoral da Criança para desnutrição e anemia)

50 gr de casca de ovo fervida, torrada e triturada (opcional)
50 gr de semente de abóbora torrada ou semente de gergelim triturada
600 gr de farelo de arroz triturado e cozido (sem colocar água)
200 gr de farinha de milho ou fubá
100 gr de pó de folha de mandioca (aipim) torrada no forno baixo, triturada e peneirada (contém ferro e vit C)
Misturar tudo.
Pode ser guardada na geladeira por 4 meses.
Não deve ser cozida.

Criança pequena: comer 2 colheres de chá por dia misturada na comida ou sucos.
Adultos: 2 colheres de sopa

Atenção: A folha de mandioca brava é tóxica, NÃO USE.
Deve ser usada a folha de MANDIOCA DOCE (Macaxeira ou aipim), que é a mandioca comestível, e deve ser torrada no forno do fogão, em potência baixa.

Zilda Arns e o soro caseiro que salvou milhares de crianças

Médica pediatra sistematizou ações básicas de saúde responsáveis em reduzir a mortalidade infantil

13 de janeiro de 2010 | 17h 51
José Maria Mayrink, de O Estado de S.Paulo
Se os homens fecham as janelas, Deus abre uma porta - assim pensou a médica Zilda Arns Neumann, depois de conversar com o cardeal d. Paulo Evaristo Arns, um de seus 12 irmãos, que lhe telefonara para perguntar se aceitava empreender uma obra capaz de salvar milhões de crianças. Pediatra e sanitarista, viúva e mãe de cinco filhos, ela estava encostada atrás de uma mesa da burocracia da Secretaria de Saúde do Paraná, após 23 anos de trabalho - os últimos 13 como diretora de Saúde Materno - Infantil do Estado, em Curitiba. Coisas da política, numa hora de mudança de governo, punição para uma funcionária dedicada que não tinha ideologia nem filiação partidária.
Nilton Fukuda/AE - 14/05/2007
Nilton Fukuda/AE - 14/05/2007
Zilda Arns, durante visita do papa ao Brasil
Veja também:
link A última campanha de Zilda
linkZilda Arns e 11 militares brasileiros morrem em tremor no Haiti
linkComunidade internacional se mobiliza para enviar ajuda


linkTragédia e destruição no Haiti D. Paulo, então arcebispo de São Paulo, ligou para dar um recado do secretário-executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), James Grant, com quem acabara de se encontrar em Genebra, na Suíça. "Por que a Igreja Católica, que tem tanta influência nas camadas mais pobres da população, não faz uma campanha contra a desnutrição?", propôs Grant, dispondo-se a financiar a obra, se Dom Paulo quisesse começar por sua arquidiocese. O cardeal argumentou que não teria tempo para tal empreitada, mas sugeriu o nome da Dra. Zilda.
"Tenho uma irmã que é especialista na área e pode fazer isso", respondeu o cardeal e imediatamente levou a proposta adiante. "Não tenho grande mérito, a não ser o de aceitar a ideia", disse d. Paulo 20 anos depois, como se sua participação tivesse parado aí. Não parou. Foi ele também quem indicou o nome do então arcebispo de Londrina, d. Geraldo Majella Agnelo, para ajudar na organização de um projeto para reduzir a mortalidade infantil que se transformaria no ano seguinte, setembro de 1983, na Pastoral da Criança. Foi um trabalho árduo que a Dra. Zilda iniciou em casa, numa noite de vigília e oração.
Começou conversando com os filhos na cozinha, onde se reunia com eles antes de irem dormir, para tomar uma vitamina e contar as coisas do dia. "Dom Paulo me telefonou e a mãe vai preparar hoje à noite um projeto que vai salvar milhões de crianças no Brasil e no mundo", disse a Dra. Zilda, explicando o que pretendia fazer. Tomou um café preto para espantar o sono, pediu que Deus a ajudasse - "Vinde, Espírito Santo, enchei os corações de vossos fiéis" - e se pôs a meditar sobre aquele trecho do Evangelho que narra o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. "Se Jesus mandou que seus discípulos dessem de comer, eles mesmos, ao povo que estava com fome, achei que, em vez de ficar dependendo do governo, nossas famílias deviam se organizar para cuidar de seus filhos."
A experiência que a pediatra e sanitarista havia acumulado na assistência à população carente do Paraná valeu muito nessa hora. A Dra. Zilda achou que poderia construir seu projeto em cima das cinco ações básicas de saúde que, ela sabia, eram responsáveis pela redução da mortalidade infantil. Essas cinco ações são a saúde da gestante, o aleitamento materno, a vacinação, o soro caseiro e o controle do peso. Bem de acordo com o que queria o Unicef, pois James Grant estava entusiasmado com a eficácia do soro caseiro - duas medidas de açúcar e uma de sal, misturadas num copo d'água - que estava salvando milhares de crianças desnutridas em Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo. O segredo de tudo seria a solidariedade, o trabalho comunitário, envolvendo povo, governo e igrejas num esforço comum.
"Se a gente mapear as comunidades e descobrir lideranças que pudessem ser preparadas para trabalhar nas ações básicas, sem gastar dinheiro, para fazer bem aos vizinhos, em pouco tempo elas se multiplicariam, de família em família, num exército de voluntários", assim pensou a Dra. Zilda, em sua noite de vigília. Tudo no espírito da fraternidade cristã, sem interesse político ou qualquer tipo de discriminação, abrindo-se as portas para quem quisesse participar. Os colaboradores voluntários trabalhariam com a orientação de coordenadores, que lhes ensinariam o que é reidratação oral e a importância do aleitamento materno, mostrando que o soro caseiro é um santo remédio para diarreia e que muitos bebês se salvariam, em vez de morrerem antes de três a cinco meses de idade, só pelo fato de mamar no peito.
Florestópolis
Escolheu-se então o município de Florestópolis - 14.700 habitantes, 73% deles trabalhadores bóias-frias - para a implantação do projeto. Situado a 80 quilômetros de Londrina, arquidiocese de d. Geraldo Agnelo, que poderia acompanhar tudo de perto, era o campo ideal. Foi uma escolha acertada, pois em pouco tempo a mortalidade infantil de Florestópolis, que era de 127 por mil, baixou para 28 por mil. O diretor do Unicef em Brasília, o indiano Jabole Mathai, ficou impressionado com o resultado. Mandou um observador, o médico peruano Heron Lechtig, checar como havia acontecido o milagre e prometeu recursos para levar a obra adiante. A ajuda vinha na hora certa, pois se lutava com muita dificuldade, a Dra. Zilda viajando de ônibus ou pegando carona, entre Curitiba e o interior, para montar o projeto.
"Florestópolis era o fim do mundo, tinha o maior índice de mortalidade infantil do Estado e vivia sob a influência de uma usina de açúcar de Porecatu que pagava os bóias-frias com vales que eles tinham de gastar no mercado da fazenda, comprando coisas de que não precisavam", lembra d. Geraldo Agnelo, atualmente cardeal-primaz de Salvador e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). "Os fazendeiros não queriam que o bispo fosse fazer crismas em suas terras, propunham que as crianças fossem levadas à sede do município". d. Geraldo ia assim mesmo, ainda que estivesse chovendo e tivesse de caminhar a pé. Florestópolis nem padre tinha, era uma freira, Irmã Eugênia Piettà, quem dirigia a paróquia.
A participação de Irmã Eugênia foi providencial. Ela entrou de repente na sala, sem que ninguém a esperasse, quando a Dra. Zilda estava discutindo o projeto com d. Geraldo em Londrina, ainda sem saber como mobilizar o povo de Florestópolis. Ficou encantada com a ideia e saiu com o compromisso de convidar umas 20 pessoas, os futuros líderes, para uma reunião marcada para uma tarde de sábado. d. Geraldo celebraria uma missa na Matriz de São João Batista, a Dra. Zilda explicaria o que se pretendia fazer. A igreja lotou. Quando a médica perguntou quem queria que o projeto fosse para frente, todo mundo levantou o braço. Decidiu-se então dividir o município em comunidades por quarteirão e ver quem poderia visitar as famílias, casa por casa, para o planejamento inicial. A ideia era descobrir onde havia gestantes e crianças de até seis anos, anotar o endereço e escolher os voluntários que pudessem começar o trabalho.
Cruzes brancas
"Tem política? Se não tem, estou dentro", entusiasmou-se o professor Romeu Edson Paulino, diretor do colégio da cidade, disposto a colaborar, ele e sua mulher Idalina, na guerra contra a mortalidade infantil. "Sofremos muito aqui - eu, Irmã Eugênia e Irmã Ana Maria - porque os fazendeiros nos proibiam de entrar em suas terras, imaginando que fôssemos de algum movimento subversivo", lembra o professor. Fizeram um levantamento das doenças e publicaram fotos do cemitério, onde dezenas de cruzes brancas marcavam a área em que as crianças eram sepultadas, uma prova de que a mortalidade infantil era grande. O governador José Richa foi a Florestópolis por causa desse "escândalo", prometeu um desconto na conta de água para as 130 hortas comunitárias que o projeto estava construindo, mas não deu nada.
Eunice Vicente Cardoso, que participou da primeira reunião com a Dra. Zilda, disse que a cidade parou uma semana para o treinamento dos líderes. "Houve muita dificuldade, pois o povo não aceitou bem no começo, porque a gente perguntava sobre os hábitos da família, salário e renda, parecendo indiscrição", disse a futura coordenadora do Setor São José, onde ela pesava as crianças debaixo de uma árvore na Rua do Meio. Era assim: os voluntários instalavam balanças em galhos de árvores nos quintais e ali promoviam encontros para ensinar as mães a cuidar de seus filhos. "Não era fácil, porque queriam alguma coisa em troca", contou a assistente social Maria Alexandrina Vargas Scalassara, outra pioneira, de Londrina, que também participou da primeira reunião. Os bóias-frias dependiam de ajuda, pois eram mão-de-obra que só tinham serviço durante a safra, seis meses por ano.
Quando a Dra. Zilda voltou a Florestópolis, um mês após o lançamento do projeto, os líderes já eram 76, quase todos funcionários públicos, principalmente professoras. "Era muita gente, mas não dispensei ninguém, para não desanimar", disse a fundadora da Pastoral da Criança, que então dividiu os voluntários em cinco grupos, cada um encarregado de uma ação básica. Com a ajuda de técnicos da Secretaria da Saúde, a pediatra e sanitarista distribuiu apostilas para orientação dos primeiros coordenadores, que se reuniram na creche das irmãs Eugênia e Ana Maria.
"Nossa cidadezinha deu exemplo de garra e de força, mostrando que o povo se une nas horas difíceis", observou Eunice, entusiasmada com os frutos colhidos no trabalho comunitário. "As pessoas aprenderam a administrar a casa e eu, que era do lar, me abri para outros cursos, me beneficiei com palestras, fui funcionária da Associação de Pais e Amigos do Excepcional (Apae) e agora, já avó, estou estudando magistério".
Prego na panela
Como coordenadora de setor, Eunice convidou outras mulheres, entre elas a professora Neuza Souza Carnelossi, que havia participado da primeira reunião e trabalhou dez anos na Pastoral da Criança. "Não amamentei meus dois primeiros filhos, mas a pastoral salvou Mariana, que nasceu depois e não aumentava de peso, porque tinha problema de refluxo urinário." Neuza deixou a Pastoral da Criança, mas continua com outras atividades da paróquia, como evangelizadora e ministra da Eucaristia.
Ela e o marido, Walter Carnelossi, ajudavam trabalhando em casa, fazendo mistura de casca de ovo, folha de mandioca, farelo de arroz, farinha de trigo, pó de semente e soja, para reforçar a dieta de crianças desnutridas. Mães gestantes com anemia tomavam sopa cozinhada com um prego enferrujado na panela - uma maneira de garantir o ferro que faltava no sangue. Walter aprendeu a fazer leite de soja e mais tarde ajudou a produzir leite, farinha e sopa com a vaca mecânica que Florestópolis recebeu para o projeto.
"Comi muita farinha com farelo sem saber", recorda Maria Alexandrina, para mostrar como a mistura se incorporou de vez ao cardápio da Pastoral da Criança. Era uma alimentação alternativa, fruto da inventividade de quem lutava, sem muitos recursos, para combater a desnutrição.
Dezenas de crianças se salvaram em Florestópolis e municípios vizinhos com a ajuda da Pastoral da Criança. Uma delas foi Denise Guimarães, que aos 16 anos está fazendo o segundo ano do ensino médio e se preparando para o vestibular de Odontologia.
"Eu estava grávida quando cheguei de Maringá e contei para Eunice que, como achava que o leite era fraco, havia amamentado pouco o primeiro filho, Evandro", lembra Cleusa Lopes Guimarães, mãe de Denise e atualmente coordenadora de setor. Eunice acompanhou a gestação e, quando a menina nasceu, incentivou Cleusa a amamentar.
Denise mamou no peito até os dois anos de idade.
Pastoral centralizada
Vinte anos depois, Florestópolis - 12.398 habitantes, pelo último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - melhorou bastante, embora continue enfrentando problemas sociais, incluindo invasões de terras e um assentamento. "Os bóias-frias sofrem mais no período da entressafra", diz o padre Renato Colbert Bertin, há poucos meses na cidade.
Ao assumir a paróquia de São João Batista, ele confiou à Irmã Nelcy de Fátima Morais a coordenação da Pastoral da Criança, que em sua avaliação estava "meio lenta e muito centralizada". A Congregação das Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, à qual Irmã Nelcy pertence, dirige atualmente o colégio onde Irmã Eugênia Piettá, das Servas da Caridade, fez as primeiras reuniões da pastoral.
As coisas iam caminhando bem no segundo semestre de 1983, quando a Igreja decidiu transformar em Pastoral da Criança o projeto de redução da mortalidade infantil. O exemplo de Florestópolis suscitou iniciativas semelhantes em São Paulo - onde o então bispo auxiliar Dom Luciano Mendes de Almeida repetiu a experiência na região episcopal do bairro de Belém - e, logo em seguida, no Rio Grande do Sul.
A nomeação de d. Geraldo Majella Agnelo para a Comissão Episcopal de Pastoral (CEP) facilitou o processo, pois ele viajava com frequência a Brasília, onde tinha contato não só com outros bispos da CNBB mas também com a direção do Unicef. Foi do arcebispo de Londrina a ideia de chamar de pastoral o projeto iniciado pela Dra. Zilda.
Dom Geraldo fala das dificuldades que enfrentou:
"Houve resistência, no começo, porque se tratava de uma experiência nova e não se tinha uma visão clara de como devia ser organizada. Alguns achavam que a Pastoral da Criança deveria fazer parte da Pastoral da Saúde, que é mais ampla. Outros temiam que uma colaboração com o governo fosse comprometer a autonomia da CNBB, se a Pastoral da Criança viesse a ser usada como bandeira política. Isso não aconteceu. A parceria com o Ministério da Saúde (principal financiador da Pastoral da Criança) não interfere nas motivações, metas e prioridades da ação da Igreja."
Todos contra Pastoral
A Pastoral da Saúde e a Pastoral do Menor fizeram uma mobilização geral contra a Pastoral da Criança, quando souberam que ela estava assinando um convênio com o Inamps, sigla do antigo Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social. "Alegavam que o convênio ia amarrar a CNBB, que não permitiria que a Pastoral brigasse por melhores condições de vida para os pobres ou contra a corrupção no governo", lembra a Dra. Zilda.
"Por que o Ministério da Saúde vai gastar tanto dinheiro em hospitais para tratar de doenças que nós prevenimos?", argumentou a coordenadora para convencer o superintendente do Inamps, Ézio Cordeiro, a financiar o projeto. Convenceu, contando para isso com o apoio de uma amiga, a educadora sanitária Sophia Sarmiento, da Fundação Sesp.
"Sugeri que a Pastoral da Criança fizesse parte de um grupo maior, porque já existiam pastorais que cuidavam da saúde, do menor, das prostitutas e, no caso do Paraná, a Pastoral da Mulher", disse o bispo de Imperatriz (MA), d. Affonso Felippe Gregory, responsável na época pelo setor social na CNBB. Não se chegou a um acordo e ele votou contra o projeto - foi o único voto discordante na Comissão Episcopal de Pastoral.
Vinte anos depois, Dom Gregory elogiou o trabalho. "A Pastoral da Criança se impõe hoje pela magnitude, pois está presente na vida humana nos momentos mais delicados, cuidando da mãe antes de a criança nascer, acompanhando o parto e, quando vem o bebê, dando o soro caseiro e a alimentação alternativa para atender mãe e filho". Na diocese de Imperatriz, o escritório da Pastoral da Criança fica ao lado da sala do bispo.
Enquadramento
Outro crítico foi o bispo de Jales (SP), d. Luiz Demétrio Valentini, que também defendia o enquadramento da Pastoral da Criança num esforço mais amplo. Temia consequências negativas de uma eventual submissão ao governo. Cedeu à argumentação da Dra. Zilda, porque "logo se percebeu que havia diferenças significativas de atuação e de inserção nas políticas públicas do Ministério da Saúde".
D. Demétrio lembra que houve momentos de tensão maior. Quando, por exemplo, outras pastorais sentiram constrangimento com manifestações de apoio ao governo de Fernando Henrique Cardoso. "Houve ambiguidades até em faixas, mas isso foi superado", disse o bispo de Jales. A Dra. Zilda, em sua opinião, tem o mérito de haver assumido a liderança.
Em meio a toda essa discussão, levantou-se a voz de d. Serafim Fernandes de Araújo, então responsável pelo setor de comunicação social na CNBB. "Os argumentos contra não são nada mais que ideologias", advertiu o então arcebispo de Belo Horizonte, hoje cardeal, cujo voto decidiu o futuro da Pastoral da Criança.
A CNBB acompanha todos os passos da Pastoral da Criança, um dos 11 organismos de seu organograma. O responsável por ela é Dom Aloysio José Leal Penna, arcebispo de Botucatu (SP), que preside no Conselho Episcopal de Pastoral a comissão encarregada também da família e da educação.
Se a Pastoral da Criança presta contas aos tribunais do dinheiro recebido do governo, submete também à Igreja a estratégia e os resultados de seu trabalho. A Dra. Zilda Arns nunca faltou a uma assembleia geral dos bispos em Itaici, no município paulista de Indaiatuba, para apresentar no plenário um relatório de suas atividades.
Presente em todos os Estados brasileiros, seus 203 mil voluntários atuam principalmente nas periferias das cidades e nos bolsões de pobreza da zona rural. Em sua área de atuação, a taxa de mortalidade infantil é 60% menor do que a da média nacional. A pastoral trabalha em todas as dioceses e em 61% de suas paróquias. Embora seja um organismo da Igreja Católica, ela age como movimento ecumênico, sem discriminação, aberto a pessoas de outras religiões. Na Amazônia, uma coordenadora é evangélica da Assembleia de Deus.
20 anos; 15 ministros
O Ministério da Saúde é responsável por 80% dos recursos - cerca de R$ 20 milhões. Os outros 20% vêm do Unicef, das dioceses e de convênios menores. Nesses 20 anos, não houve dificuldade com o governo, com nenhuma administração. A Dra. Zilda, que nesse tempo teve de se entender com uns 15 ministros da Saúde, manifesta gratidão particular a alguns deles.
Alceni Guerra, que foi ministro de Fernando Collor e é paranaense, deu muito apoio ao programa. "A Pastoral da Criança vai ser uma das prioridades do governo", ele prometeu e cumpriu a promessa, pois fez um substancioso convênio com o projeto. No governo de Itamar Franco, houve atrasos de verbas, que o ministro da Saúde, Henrique Santillo, não conseguia liberar
"Recorri então ao ministro da Fazenda, que era o Fernando Henrique, que liberou o dinheiro, revela a Dra. Zilda. A médica entrou no gabinete dele sem marcar audiência, apenas mandou avisar que a irmã de Dom Paulo Evaristo Arns queria falar por cinco minutos com ele. "Quando FHC assumiu o governo, fiquei muito feliz, porque, desde o primeiro convênio, os pagamentos eram feitos em dia".
O ministro José Serra era um entusiasta da pastoral, cuja sede visitou duas vezes em Curitiba. "Se o Brasil todo fala bem da Pastoral da Criança, quero ser o maior parceiro dela", disse Serra. Foi ele quem sugeriu ao presidente da República que apresentasse as candidatura da Pastoral da Criança ao Prêmio Nobel da Paz.
No governo de Luiz Inácio Lula da Silva, as verbas não foram ainda reajustadas, mas o pagamento está em dia. "Lula, que escancarou a fome no Brasil, um problema que talvez muita gente não conhecia, mandou o ministro Tarso Genro me convidar para participar do Conselho de Segurança Alimentar e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social", disse a Dra. Zilda.
Ela aceitou o convite, embora não tenha muito tempo de assistir às reuniões, por causa de outros compromissos. Além de coordenar a Pastoral da Criança, a médica tem múltiplas atividades. Foi membro do Conselho Nacional da Saúde e dirigiu o serviço da Saúde Materno Infantil, do Ministério da Saúde. Engajou-se depois no Programa Fome Zero, ao qual manifestou um apoio crítico, com base em sua experiência anterior nessa área.
Aconselhou, por exemplo, o ministro José Graziano da Silva, do Ministério Extraordinário da Segurança Alimentar e Combate à Fome, a não exigir a apresentação de cupons ou de notas fiscais para uma família receber um auxílio. "Seria necessário nomear um batalhão de funcionários só para controlar isso, dinheiro jogado fora", argumentou a Dra. Zilda, apontando dificuldades especialmente na zona rural. Parece que convenceu, pois a ideia não foi adiante.
De Florestópolis para o mundo
Depois de se espalhar pelo Brasil, a Pastoral da Criança atravessou fronteiras para chegar a outros países da América Latina, África e Ásia. "Em Angola, comecei em 1994 um treinamento com 17 mulheres e hoje, menos de dez anos depois, há 2.500 angolanas capacitadas, trabalhando num programa igual ao nosso e atendendo a pelo menos dez mil crianças".
Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, México, Paraguai e Venezuela na América Latina; Guiné-Bissau e Moçambique na África; e Timor Leste e Filipinas na Ásia copiaram a receita com sucesso, sempre em benefício das populações mais pobres. O México levou a pastoral a comunidades indígenas - o que ocorre igualmente no Brasil. "Recebi também uma visita de ciganos, que são nômades, interessados em treinar líderes para cuidar das crianças", revela a Dra. Zilda.
A maioria dos 203 mil voluntários da Pastoral da Criança vem da própria comunidade. É gente que mora em favelas e palafitas, nos grandes bolsões de pobreza, onde a desnutrição ameaça e as doenças matam mais. Esses voluntários recebem a orientação de sete mil equipes de coordenação - profissionais, aposentadas e pessoas idosas, mas também jovens, todos muito animados e atuantes.
Sentem orgulho de vestir a camiseta da Pastoral, com a inscrição "para que todas as crianças tenham vida", o lema criado em 1983 por d. Geraldo Majella Agnelo - inspiração do Evangelho - quando o incipiente projeto de redução da mortalidade infantil começava a engatinhar no norte do Paraná. Todo mundo uniformizado, as reuniões para o Dia do Peso são uma festa. Quem vai uma vez não quer mais faltar.
"A mãe de Juliana, que mudou para um sítio, prometeu trazer a menina todo mês para a gente pesar", disse a coordenadora de setor Juracy Jesus dos Santos, em Florestópolis, preocupada com o risco de a mulher não voltar. Juliana, que chegou à Pastoral com peso baixo, quando tinha um mês e meio de idade (tem quase dois anos agora), é hoje uma criança sadia, porque seguiu direitinho a dieta da multimistura.
A Pastoral da Criança tem uma estrutura simples. Em sua sede, em Curitiba, trabalham 40 funcionários contratados. Dali, num belo casarão recebido em comodato do governo estadual - antes, era um orfanato de meninas - eles controlam o movimento, sempre em contato com os coordenadores em todo o País. O material de apoio sai das salas da Rua Jacarezinho, n.º 1691, bairro das Mercês, onde funciona a Coordenação Nacional.
Quase nenhuma burocracia. "Quando vêm os auditores e fiscais do Tribunal de Contas da União, espalhamos os documentos em cima de uma mesa grande para eles examinarem. Fazemos isso quase todos os meses e, graças a Deus, nunca tivemos problemas", disse Dra. Zilda. A inspeção era feita antes em Brasília, mas o trabalho foi descentralizado. Uma economista, um contador e dois estagiários cuidam dos convênios.
Técnicos, contratados pela média do mercado, preparam o material educativo, treinam os multiplicadores e acompanham as ações. Digitadores processam nos computadores as fichas manuscritas que chegam de todos os cantos do Brasil. Além do controle das cinco ações básicas, segredo da eficácia do programa, a Pastoral da Criança promove cursos de alfabetização de adultos, círculos bíblicos, encontros de reflexão, oficinas de avaliação...tudo na linha de evangelização da Igreja.
Comunicação
O Jornal Pastoral da Criança, com uma tiragem mensal de 250 mil exemplares e também disponível na Internet (www.pastoraldacrianca.org.br) registra o que o programa está fazendo, transmite as orientações da Coordenação Nacional e publica pequenas reportagens enviadas pelas comunidades sobre suas conquistas e suas dificuldades. Nem sempre há espaço para publicar tudo, mas nada fica sem resposta. Além de assinar uma coluna no jornal - Conversando com Você - a Dra. Zilda enviava cartas pessoais para animar as equipes.
A Coordenação Nacional produz também o programa semanal de rádio Viva a Vida, de 15 minutos, que é transmitido por 1.700 emissoras. Distribuído em fita cassete, ele é gravado em dois estúdios, para atender às diferenças regionais de linguagem - um em Curitiba, para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e outro em Teresina, para o Norte e Nordeste. Fala de temas como saúde, instrução, direitos e organização comunitária.
Antes de se mudar para a sede atual, a Pastoral da Criança funcionava na casa de Dra. Zilda, que tinha ali também seu consultório particular de pediatria. Meio apertado, mas deu para conciliar enquanto os colaboradores não eram tantos e não havia tanto material como hoje. Como a médica trabalhava também no serviço público, as coisas foram ficando cada dia mais complicadas, pois não havia tempo nem espaço para tudo.
"Meu consultório era quase uma extensão do posto de saúde, pois as pessoas batiam à minha porta a qualquer hora, às vezes até de madrugada", recorda a Dra. Zilda. Os pobres, principalmente os pobres, recorriam sempre a ela - o que significava 18 consultas de graça em cada 20. A situação ficou ainda mais difícil quando a coordenadora da Pastoral da Criança passou a viajar com mais frequência, com ausências de semanas seguidas. "Fico pouco em Curitiba, apenas alguns dias por mês".
De mãe para filho
Nelson Arns Neumann, que também é médico pediatra e assumiu a função de coordenador nacional adjunto, substitui a mãe durante as suas constantes viagens. Mergulhou de cabeça no programa, cujas atividades vem acompanhando desde a fundação - ele e os outros irmãos. Sempre seguiram tudo de perto, apoiando e dando palpites - o voluntariado em família.
Eram adolescentes e crianças, em 1983, quando a Dra. Zilda aproveitou a conversa, naquela noite em que fazia uma vitamina para eles na cozinha, para falar do telefonema de d. Paulo, o tio cardeal. Agora, Rubens é veterinário, Heloísa é psicóloga e Rogério é administrador de empresas. Sílvia, que também era administradora de empresas, morreu e deixou um filho, de três anos, que foi morar com a avó.
A família tem uma chácara, a 20 minutos do centro de Curitiba, que mãe e filhos compartilhavam, cada um em sua casa, como faziam os Arns em Forquilhinha, na colônia de imigrantes alemães de Santa Catarina, onde Zilda e seus 12 irmãos nasceram. D. Paulo, que costumava passar ali pelo menos uma semana de suas férias anuais, telefonava com frequência para matar a saudade dos parentes.
O cardeal pede também notícias da Pastoral da Criança. Sempre que pode, a Dra. Zilda o visitava em São Paulo, para trocar ideias e pedir conselhos.
Passavam horas conversando sobre a obra que sonharam e construíram juntos.

Pastoral da Criança Voluntários realizam trabalhos voltados para crianças e famílias carentes

Criada em 1983, a Pastoral da Criança tem como objetivo promover o desenvolvimento integral das crianças, desde a gestação até os seis anos de idade. Todo trabalho é baseado na solidariedade e na multiplicação do saber, por meio de ações preventivas que favoreçam a integração entre a família e a sociedade.
Atualmente, cerca de 260 mil voluntários acompanham mais de 1,8 milhão de crianças e 95 mil gestantes em mais de 42 mil comunidades de 4.066 municípios brasileiros. “Somos uma porção de formiguinhas que se junta, cada uma no seu bairro, no seu município, para atender todo o Brasil”, afirma Lucimar de Souza Freire, coordenadora da Pastoral da Criança da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, localizada no bairro da Barra, em Muriaé.
Os voluntários desenvolvem ações de saúde, nutrição, educação, cidadania e espiritualidade de forma ecumênica nas comunidades carentes. A Paróquia da Barra, por exemplo, atende aos bairros Gaspar, Barra, Aeroporto e Patrimônio São José, beneficiando cerca de 130 crianças. Um trabalho diário, realizado por aproximadamente 50 voluntários divididos entre coordenadores, líderes e apoiadores. Segundo Lucimar Freire, as demais paróquias seguem o mesmo ritmo para que todas as comunidades sejam atendidas. Cada voluntário desenvolve uma atividade, de acordo com sua disponibilidade.
Quatro etapas compõem a rotina da Pastoral da Criança. Inicialmente, é feita uma visita domiciliar – acompanhamento individual das famílias; logo após a visita, acontece a celebração da vida – reunião entre as famílias para avaliar o desenvolvimento de suas crianças e proporcionar a troca de experiências e solidariedade na comunidade; em seguida, uma pausa para a reflexão e avaliação – reunião entre os líderes, apoiadores e o coordenador; e, por último, enumeram as famílias que necessitam de atenção maior no mês seguinte. “A Pastoral presta um serviço de orientação, encaminhamos as crianças para os postos de saúde, creches e escolas”, destaca Lucimar.
Celebração da vida – Março de 2009
Nestes encontros todas as crianças são pesadas e medidas
Desde o início de suas atividades, a Pastoral da Criança busca formas eficientes para medir seus resultados. Para isso, utiliza diversos instrumentos. Alguns exemplos são:
a) o guia do líder – reúne informações e orientações para os voluntários sobre os cuidados, direitos e deveres e educação da criança, promoção da paz na família e alimentação enriquecida;
b) o caderno do líder – reúne indicadores referentes à criança e à gestante que são acompanhados pelo líder, entre outras informações;
c) os 10 mandamentos para a paz na família – sintetizam os princípios que regem a mensagem de paz que o líder partilha com as famílias que acompanha;
d) laços de amor – a cada mês, as gestantes recebem uma cartela com as principais informações sobre o desenvolvimento do bebê, as alterações no corpo da mulher e incentivos para que ela faça seu pré-natal;
e) colher-medida do soro caseiro – colher plástica que tem as medidas exatas de sal e açúcar usadas no preparo do soro caseiro;
f) balança – a cada mês, no dia da celebração da vida, o peso das crianças é anotado no caderno do líder;
g) cartão da gestante e caderneta da criança – esses cartões são entregues aos pais pelo serviço de saúde.
Materiais utilizados pela Pastoral da Criança
Além disso, foi desenvolvido um sistema de informação, via internet, que pode ser consultado pelo público em geral. Com essas informações, é possível avaliar as ações desenvolvidas, definir objetivos e motivar os voluntários. Os relatórios trimestrais estão disponíveis no site www.pastoraldacrianca.org.br.
A dedicação de seus voluntários rendeu à Pastoral da Criança prêmios e distinções de centenas de organizações e instituições nacionais e internacionais, mas o maior reconhecimento vem das famílias que participam da iniciativa. Para Lucimar Vieira, 35 anos, mãe de seis filhos, a obra ajudou no desenvolvimento deles. “Eu sempre participei, meus seis filhos receberam acompanhamento da pastoral”.
Lucimar de Souza Freire, 39 anos, trabalha como voluntária desde 2004. Segundo ela, é preciso gostar de criança, ter paciência e dedicação. “É muito bom participar da Pastoral da Criança. Quem vem se apaixona e não quer sair mais”. Já Nilson Macedo, 50 anos, e sua esposa estão iniciando seu trabalho na pastoral e se sentem motivados, pois colaboram com o desenvolvimento das crianças. “Somos apoiadores há cerca de um ano. Para nós, é muito gratificante”.
Os interessados devem procurar a secretaria da paróquia mais próxima de casa e deixar nome, endereço e telefone. O primeiro contato será feito por um membro da Pastoral da Criança. De acordo com a disponibilidade da pessoa, ela é convidada a participar das primeiras reuniões e iniciar seu trabalho. As doações também podem ser feitas em todo o país, por meio das contas:

Líder Voluntário da Pastoral da Criança Você é uma benção de Deus!

Avaliar a importância do trabalho de um líder é
tarefa bastante difícil, pois a sua atuação é imensamente
profunda e atinge uma amplitude incomensurável.
É maravilhoso e gratifi cante perceber no cotidiano, o
bem que estes anjos de bondade vêm fazendo, levando
a luz e a sabedoria do Espírito Santo a tantas famílias
empobrecidas e carentes não só de bens materiais, mas
de orientação, ajuda na vida moral, humana, cultural,
espiritual e psicológica.
Nós, líderes da Paróquia Jesus Bom Pastor, da cidade
de Indiara, na comunidade São João, vivemos neste ano,
um momento particular de bênçãos e de graças divinas.
Visitando uma nova família cadastrada, o casal de
líderes Marcézar e Kênia, os líderes se depararam
com uma jovem mãe e seu fi lho primogênito, o Pedro
Henrique, de 4 meses. Brincando com a criança,
perguntas à mãe e esta, sem experiência, não sabe explicar
o comportamento do fi lho. Os líderes encaminharam a
criança ao médico da cidade e este, apesar de não ser
oftalmologista, percebe que existe algo grave com a visão
do bebê. Encaminharam imediatamente a criança a um
oftalmologista em Goiânia, que constata o diagnóstico do
médico e é bastante claro: Se esta criança não tivesse ido
logo ao médico, ela poderia fi car cega. Imediatamente
tomou as providências de atendimento, marcando a
primeira cirurgia. Hoje, Pedro Henrique completou 1
ano no dia 03 de setembro, visita o médico de 4 em 4
meses, já vai submeter-se a 8ª cirurgia, usa óculos com
um grau altíssimo e já demonstra enxergar e responde
aos gestos das pessoas.
A alegria dos líderes desta pequena cidade do interior
goiano é infi nita e não nos cansamos de render graças a
Deus por esta e outras maravilhas que Ele vem realizando,
usando o líder como um dócil instrumento em suas
mãos. Graças mil ao Senhor, o Deus da vida.
Que Deus abençoe e proteja todos os líderes
voluntários da família da Pastoral da Criança no mundo
inteiro.

Voluntários da Pastoral da Criança são pessoas das próprias comunidades

Presente em todo o Brasil e outros 17 países, a Pastoral da Criança trabalha com o objetivo de salvar vidas. Faz atividades de prevenção e orientação que envolvem famílias carentes de gestantes e mães de crianças de 0 a 6 anos.



“Nossos critérios se baseiam na partilha solidária e subsidiária do Evangelho e nas práticas da saúde preventiva ou curativa, com aparatos científicos e também os repassados de sabedoria popular. Nossos meios se alicerçam na formação e atuação do voluntariado”, consta na proposta da Pastoral.

Seus voluntários são pessoas que vivem no mesmo local que as famílias acompanhadas e são capacitados para se tornarem líderes. Realizam três atividades principais: a visita domiciliar, o Dia da Celebração da Vida e a reunião para reflexão e avaliação dos trabalhos desenvolvidos.

Atualmente, a Pastoral da Criança no Brasil tem mais de 261 mil voluntários presentes em 4.066 municípios. Cerca de 1, 8 milhão de crianças e 95 mil gestantes são acompanhadas mensalmente.

De maneira geral, os voluntários da Pastoral da Criança fazem a avaliação nutricional e pesagem das crianças, distribuição da multimistura (complemento alimentar), além de palestras e orientações sobre o desenvolvimento e aprendizagem da criança.

Para as gestantes, é feita desde a orientação sobre os cuidados importantes na gravidez até preparo para o aleitamento materno, pré-natal, alimentação, higiene, apoio psicológico e preparo para o parto.

Dividida em setores pela cidade, a Pastoral objetiva fornecer um conhecimento básico sobre nutrição e valores familiares, para que as pessoas tenham melhor qualidade de vida. Somente no bairro de Uvaranas, são 914 crianças e 60 gestantes, totalizando 710 famílias acompanhadas.

Andréia de Lara Santos (foto) mora na Vila Marina, tem cinco filhos e sempre recebeu o acompanhamento da Pastoral. “Tive todo o apoio desde a gravidez do meu filho mais novo de quatro meses. Achei bem importante”, conta Andréia.


Já a moradora do Jardim Paraíso Lilia Alves de Meira têm 03 filhos, um de seis, outro de quatro e o mais novo com dois anos. Ela conta que começou a buscar a Pastoral porque seu primeiro filho estava abaixo do peso.

“Na pastoral recebi orientações para alimentação do meu filho e a multimistura”. Hoje, segundo ela, seu filho está bem ‘gordinho’. Pelo fato de a ajuda da Pastoral da Criança ter dado resultado com o primeiro filho, Lilia quando teve outros filhos não hesitou em ir novamente à Pastoral.

Leoni Gonçalves Nabozny tem sete filhos e 10 netos. Ela mora no Jardim Paraíso e já trabalhou por dois anos na Pastoral. Parou de ser voluntária devido a problemas de saúde. Quando questionada sobre a importância da Pastoral para a comunidade, ela relata um caso que acompanhou.

“Uma vez, eu livrei uma gestante de fazer um aborto. Ela estava muito triste de estar grávida. Fui correndo ter uma conversa com ela e fiquei muito feliz por ela ter desistido da idéia e resolver ter o bebê. É nessas horas que a gente se sente realizada”, lembra Leoni.


Fonte: Portal Comunitário de Ponta Grossa

quinta-feira, 3 de março de 2011

CUIDADOS NA GESTAÇÃO

Existe um ditado popular que diz que a cada gestação perde-se um dente.
Isso não é verdade. A gestante que tem bons hábitos alimentares, escova os
dentes e usa fio dental, tem dentes e gengivas saudáveis.
É verdade, porém, que durante a gravidez é preciso redobrar os cuidados
com os dentes. A gestação não é responsável pelo aparecimento das cáries
e nem pela perda de mineral dos dentes da mãe. O que causa esses
problemas é a mudança de dieta e a presença de placa bacteriana, causada
pela limpeza inadequada dos dentes.
Durante a gravidez, pelo efeito dos hormônios, é comum as gengivas
sangrarem. Mesmo que isso ocorra, é preciso que a gestante continue
escovando os dentes, limpando a gengiva e usando o fio dental.
Também é importante evitar doces como bolos, balas, biscoitos,
chocolates e refrigerantes. Esses alimentos e o hábito de adoçar chá, café,
suco e leite fazem com que a gestante aumente muito de peso e desenvolva
cárie e doenças da gengiva.
A mulher grávida com doença na gengiva tem grande possibilidade de
dar à luz a um bebê com baixo peso e prematuro. Por isso, além de fazer o
pré-natal, a gestante deve procurar o dentista para uma consulta preventiva
ou tratamento.
O melhor período para a gestante fazer tratamento dentário é entre o
quarto e o sexto mês de gravidez.

A LIMPEZA DA BOCA E DOS DENTES

Os 20 primeiros dentes são os chamados “dentes de leite”. O primeiro
dente costuma nascer a partir dos 6 meses de idade. É bom lembrar que os
dentes não nascem na mesma ordem e na mesma época em todas as crianças.
Os dentes de leite precisam ser bem cuidados, pois é com eles que a
criança inicia a mastigação. Estes dentes garantem o espaço e a posição
certas para os dentes permanentes que irão nascer depois.
De 0 a 6 meses de idade
A limpeza da boca do bebê deve ser
feita após cada mamada, mesmo antes de
os dentes nascerem.
Com um paninho molhado com água
fervida ou filtrada, a mãe deve limpar toda
a boca do bebê: gengiva, bochecha e língua. Dessa
maneira, ela elimina os restos de leite e o bebê vai
se acostumando com a boca limpinha.
Este paninho deve ser usado somente para a limpeza da boca do bebê.
Após usá-lo, ele deve ser bem lavado.
(Estas informações também estão no Guia do Líder, nas páginas 137 e 148.)
De 6 meses a 1 ano
A partir dos 6 meses, o bebê começa
a receber outros alimentos. É
importante oferecer à criança alimentos
variados, para que ela possa:
• aprender a mastigar;
• desenvolver o paladar;
• receber todos os nutrientes
necessários para crescer e se
desenvolver com saúde.
Para que a criança tenha dentes e
gengivas saudáveis, ela deve comer frutas,
verduras, legumes, leite, ovos e frutos do
mar.
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É importante que a família evite oferecer à criança alimentos açucarados
como balas, bolachas, biscoitos, bolo, pirulitos, rapadura, chocolate,
chiclete, achocolatado, refrigerante.
Esses alimentos são os
principais responsáveis pelo
desenvolvimento da cárie.
Com o aparecimento do primeiro dente, é preciso continuar a limpeza da
boca e escovar os dentes do bebê antes de dormir. O bebê nunca deve
dormir de boca suja.
(Guia do Líder, páginas 159 e 168.)
De 1 a 2 anos
A partir de um ano e meio de idade, a
limpeza dos dentinhos deve ser feita
com uma escova pequena e macia, pois
o paninho não consegue limpar os
dentes de trás, chamados molares.
De 2 a 3 anos
Nessa idade, a criança já pode ter a dentição de leite completa, ou seja,
com 20 dentes, 10 em cima e 10
embaixo.
À medida que a criança cresce, vai
aprendendo com os pais a escovar os
dentes. É bom que os pais ensinem a
criança a usar pouca pasta de dente: uma porção do tamanho de um grão
de arroz é suficiente. Quantidade maior é desnecessária e pode fazer mal
para a saúde da criança.
É importante que a mãe ou outro adulto acompanhe a escovação dos
dentes da criança para ver se todos foram limpos.
(Guia do Líder, páginas 175 a 182 e 192.)
De 3 a 6 anos
A partir dos 3 anos, a mãe ou outro adulto deve continuar a escovar os
dentes da criança, da seguinte maneira:
• posicionada atrás da criança, com a mão esquerda, a mãe afasta os
lábios e a bochecha;
• Com a mão direita, fazendo
movimentos circulares, ela escova o
lado de fora de cada dente que fica
em contato com a bochecha;
• Pedindo à criança para abrir
mais a boca, a mãe escova o lado de
dentro dos dentes que ficam em contato
com a língua;
• Por último, com movimentos de vai e vem, ela escova as partes onde
os dentes encostam uns nos outros.
(Guia do Líder, páginas 192 e 198.)
Por volta dos 6 anos, começam a cair os primeiros dentes de leite. Nessa
mesma época, pode nascer o primeiro dente molar permanente. Se esse
dente cariar e for perdido, não nascerá outro no lugar. A sua perda prejudica
os outros dentes permanentes que ainda vão nascer. Por isso, é preciso
muito cuidado na limpeza da boca da criança neste período.
Depois dos 6 anos
Perto dos 12 anos, quase todos os dentes de leite já caíram e foram
substituídos pelos dentes permanentes.
Próximo aos 18 anos, mais quatro dentes podem nascer. São os dentes do
siso. No adulto, a dentição completa é composta por 32 dentes, sendo 16
em cima e 16 embaixo.

PREVENÇÃO DA CÁRIE E DAS DOENÇAS DA GENGIVA

Nos primeiros meses de vida do bebê, alguns cuidados devem ser
tomados:
• O uso de chupeta deve ser evitado! Criança que usa
chupeta pode ficar com os dentes tortos.
• Evitar mamadeira, especialmente de
leite com açúcar, achocolatado,
melado de cana ou rapadura.
A criança que toma mamadeira, principalmente à noite, desenvolve um
tipo de cárie chamada cárie de mamadeira. Durante o sono, com a
diminuição da quantidade de saliva, os restos de leite que grudam nos
dentes fermentam e vão destruindo o esmalte dos dentes da criança.
Talheres, xícaras e copos devem ser de uso exclusivo da criança, pois a
cárie pode ser transmitida da boca de uma pessoa para a boca de outra.
O hábito de soprar a comida para
esfriar ou mastigar os alimentos antes
de dar para a criança pode levar a
bactéria da cárie da boca do adulto
para a boca do bebê.
Limpar a boca do bebê após as refeições e, à noite, antes de

FLÚOR

O flúor fortalece os dentes e impede a formação da cárie.
No Brasil, a maioria das pastas de dente já contém flúor.
Em muitas cidades, a água da rede pública contém flúor. Nessas cidades,
as crianças e gestantes não precisam usar remédios com flúor.
Antes de tomar remédio que contenha flúor, é bom pedir orientação ao
dentista. Ele sabe indicar a quantidade e o melhor modo de utilizar o flúor.
A aplicação de flúor por meio do
bochecho não é recomendada antes
dos seis anos. Só a partir dessa idade
a criança consegue fazer o bochecho
sem engolir o líquido.
ATENÇÃO: O flúor é como qualquer outro medicamento.
Quando usado de forma incorreta ou em quantidade maior
do que a necessária, pode fazer mal. É importante guardar
o frasco em um local longe do alcance da criança.

FIO DENTAL

O fio dental ajuda a remover a placa
bacteriana que a escova não consegue tirar.
O fio dental deve ser passado
entre o dente e a gengiva, devagar e
delicadamente, para não ferir a
gengiva.
Quando há sangramento durante
a limpeza da boca, é sinal de doença na gengiva. Mesmo que sangre, é
preciso continuar escovando os dentes e passando o fio dental. O
sangramento é causado pela placa bacteriana que se acumula sobre os
dentes, perto da gengiva.
Líder, você pode ensinar a gestante e a família a preparar
um fio dental caseiro, como mostra o Guia do Líder, na
página 49.

ESCOVAÇÃO

Para iniciar a limpeza da boca, deve-se escovar os dentes corretamente,
depois de cada refeição, antes de dormir e também depois de comer
alimentos açucarados.
Para escovar bem os dentes, é preciso dedicar tempo e cuidado.
A escova de dentes deve ter cabeça
pequena, fios ou cerdas macios e com
pontas arredondadas. Assim, é possível
limpar todos os dentes, um de cada
vez, sem machucar a gengiva.
Cada pessoa da família deve ter sua própria escova! De tempos em
tempos, a escova deve ser trocada, pois ela é como a vassoura: quando os
fios ou cerdas ficam deformados, não limpam mais.
Ao escovar os dentes, é importante limpar a gengiva próxima ao dente,
sem forçar o cabo da escova, para não machucar a gengiva.
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Para escovar os dentes corretamente
• faça movimentos circulares; ou
• escove na direção em que os dentes crescem.
Os dentes de cima são escovados antes dos dentes de baixo, seguindo sempre
a mesma seqüência, para não esquecer de escovar nenhum dente. Assim:
• Os dentes superiores são escovados de cima para baixo.
• Os dentes inferiores são escovados de baixo para cima.
O lado de fora dos dentes (perto da bochecha) e o lado de dentro dos
dentes (perto da língua) são escovados primeiro com movimentos circulares
e, para completar, com movimentos de varredura.
Na parte em que os dentes de cima encostam nos dentes de baixo, a
escovação é feita com movimentos de vai-e-vem.
É importante escovar com cuidado
os dentes do fundo da boca. Pelo
menos uma vez ao dia, escovar
também a língua.

AS DOENÇAS DA GENGIVA

Com o tempo, a placa bacteriana que se forma sobre os dentes causa
inflamação na gengiva e, às vezes, endurece formando uma crosta
amarelada ou preta chamada tártaro.
Esse tártaro pode provocar a inflamação da gengiva, que fica vermelha,
inchada e sangrando.
A inflamação provocada pela placa
bacteriana e pelo tártaro acaba prejudicando
a fixação da raiz do dente no osso.
Assim, o dente vai ficando mole e cai.
Como evitar a cárie e as doenças da gengiva
Para ter dentes saudáveis, evitar a cárie e as doenças da gengiva, três
cuidados são muito importantes:
1. escovar corretamente os dentes, usar o fio dental e limpar a língua;
2. usar o flúor;
3. controlar o consumo de açúcar.

A CÁRIE

A cárie é uma doença que ataca o dente e pode ser transmitida da boca
de uma pessoa para a boca de outra.
Como se forma a cárie
Depois que comemos, os restos de alimentos que sobram na boca
fermentam, formando uma placa em volta dos dentes. Nessa placa, crescem
bactérias que transformam o açúcar dos alimentos em ácidos.
Esses ácidos corroem o esmalte
dos dentes, dando início à cárie.
A mancha branca que aparece no
esmalte do dente já é sinal de cárie,
embora ainda não doa.

PREVENINDO A CÁRIE E AS DOENÇAS DA GENGIVA

Os dentes são necessários para mastigar, para a boa aparência, para a boa
pronúncia das palavras e para a nossa saúde geral.
Quando mastigamos, os dentes fazem da comida uma pasta. Assim, fica
mais fácil engolir e o nosso corpo aproveita melhor os alimentos.
A falta de dentes e dentes tortos fazem com que a pessoa tenha
dificuldade para falar, pois algumas letras precisam deles para serem faladas,
como por exemplo, a letra D e T.
Os dentes dão forma ao rosto e à boca. É por isso que a falta deles deixa
o rosto com aparência de velhice.
Além disso, a perda de dentes pode provocar dores de cabeça e de
ouvido.
Os dentes apodrecidos pela cárie,
além do aspecto feio e da dor,
provocam mau hálito e gosto ruim na
boca.
O dente é um órgão vivo.
Dentro dele existem nervos. Por
isso, sentimos dor quando o
dente está doente.
Esmalte
Nervo
Gengiva
Osso

PALAVRAS DO PASTOR

A Pastoral da Criança tem a preocupação permanente de cuidar da saúde e
levar “vida em abundância” (Jo 10,10) a milhares de crianças do Brasil e de
outros países onde atua, em seu contexto social, mental, espiritual e cognitivo.
A saúde da boca na infância não poderia ficar de fora desta preocupação. Está
na Bíblia:
Provérbios 21,23: “Aquele que é cuidadoso com a boca e com a língua
preserva a si mesmo das angústias”.
Entre as palavras que valhem a pena ser ditas são aquelas que expressam
carinho com a família e a comunidade, respeitando as diferenças religiosas e
culturais de cada um. Para dizê-las com clareza e facilidade, precisamos cuidar
da nossa saúde bucal.
Costuma-se dizer que “a saúde começa pela boca”. A higiene da boca e a
manutenção dos dentes é tão importante como tomar banho, usar roupas
limpas e comer alimentos saudáveis para se ter saúde.
Neste livro, os líderes vão encontrar orientações de fácil compreensão para
serem repassadas para as famílias com gestantes e crianças de até 6 anos, na
visita domiciliar, no dia da Celebração da Vida, na reunião comunitária.
Cuidar da saúde da boca, como nos ensina o Guia do Líder, vai ajudar as
famílias a viverem mais saudáveis.
Que Deus nos ajude a prestar, com dedicação e competência, mais este
serviço às crianças e suas famílias e comunidades por nós acompanhadas.
D. Aloysio José Leal Penna, sj
Arcebispo de Botucatu/SP
Presidente do Conselho Diretor da Pastoral da Criança

PREVENINDO A CÁRIE E AS DOENÇAS DA GENGIVA - APRESENTAÇÃO

Queridos líderes e coordenadores:
Paz e Bem!
A Pastoral da Criança elaborou este material para oferecer ao líder
orientações sobre a limpeza da boca do bebê, ensinando como fazer a
escovação correta, o uso do fio dental e o uso do flúor, hábitos
indispensáveis para a saúde da boca e dos dentes.
Num pré-natal bem feito, a gestante tem o direito de receber, na Unidade
de Saúde, noções básicas de higiene da boca e orientação sobre a melhor
época para receber tratamento dos dentes e gengivas.
São metas da Pastoral da Criança educar para a saúde as gestantes e mães
para que antes do nascimento dos dentes se possa impedir o aparecimento
das doenças da gengiva e conhecer os indicadores de risco da cárie.
Espero que esse material possa enriquecer as informações repassadas
durante a capacitação no Guia do Líder e sirva como instrumento valioso
para ajudá-lo na importante tarefa da manutenção da saúde bucal e saúde
geral das gestantes, mães, crianças e famílias acompanhadas.
Que Deus abençõe você e toda sua dedicação cheia de fé e vida a esse
maravilhoso trabalho.
Com carinho,
Dra. Zilda Arns Neumann
Fundadora e Coordenadora Nacional na Pastoral da Criança

Saúde Bucal

O objetivo da Oficina de Saúde Bucal é reforçar os conhecimentos do líder para que possa orientar com mais segurança as famílias acompanhadas e mostrar a sua importância na Prevenção das Cáries e Doenças da Gengiva, uma vez que a cárie dentária é a doença da boca mais comum na população.

O coordenador de Estado ou Setor escolhe o momento de implantar esta ação. A Oficina de Saúde Bucal tem uma duração de 06 a 08 horas, dependendo do número de participantes, não devendo ultrapassar 20 pessoas.
Essa oficina além de reforçar os conhecimentos do líder em relação às doenças da boca, incentiva a amamentação materna exclusiva até os 06 meses, a alimentação saudável e a correta limpeza da boca após as refeições e antes de dormir.
Para ser multiplicador ou capacitador em Saúde Bucal, não é necessário ser Cirurgião Dentista ,Técnico de Saúde Bucal ou Auxiliar de Saúde Bucal. Se profissionais da área desejarem participar do trabalho voluntário da Pastoral da Criança devem ser bem recebidos e acolhido. Voluntários, multiplicadores e capacitadores de outras ações também podem assumir essa atividade.