quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Voluntários que ajudam a salvar crianças na Paraíba

Mães em situação de risco, que vivem em comunidades carentes, sem muita orientação. Crianças de 0 a 6 anos desnutridas, ou até o oposto, obesas, tudo fruto do mesmo mal: alimentação inadequada. É esse o público atendido pelos voluntários da Pastoral da Criança, organização católica que atua em 215 municípios paraibanos, resgatando vidas e dando mais qualidade em saúde a 50 mil crianças e 44 mil famílias - uma delas a da dona de casa Maria José Pimentel, 30 anos.
Com quatro filhos para criar e nenhuma renda, nem de programas assistenciais, há cerca de três anos Maria vivia em situação de miséria absoluta, em um barraco de apenas um cômodo, próximo ao antigo Lixão do Róger, em João Pessoa. “Ela vivia no limite da pobreza, em uma casa sem estutura, sem móvel nenhum. As crianças andavam sujas e dormiam amontoadas, também em condições precárias. Não tinha comida, só quando alguém dava”, descreveu Maria Rodrigues, voluntária da pastoral que participou das primeiras visitas a família de Maria José e os acompanha até hoje.
A mãe atendida conta que antes de ter essa assistência sofria muito. “Eu só vivia doente, e meus filhos também. Eu morava em uma casa de tábua, quando chovia entrava água em tudo”, relata. Atualmente, Maria José vive em uma casa estruturada no bairro do Róger, com aluguel pago pelo poder público. “Até eu conseguir ganhar minha casinha”, acrescenta. As voluntárias da pastoral também conseguiram encaminhar todas as crianças para a escola e aumentar o peso delas, que eram todas desnutridas.
“Elas me ensinaram a cuidar melhor das crianças, me deram conselhos e agora não falta quase nada para os meus filhos”, comenta Maria José, que hoje tem oito crianças, sendo que apenas cinco moram com ela. Os outros estão com parentes ou madrinhas que os adotaram. Uma dessas madrinhas é a própria Maria Rodrigues, da Pastoral, que sensibilizada com a situação da família resolveu adotar uma das crianças, de 7 anos. “Me apeguei a ela, batizei e a tenho como filha”, contou a voluntária, acrescentando que a família ainda é acompanhada de perto pelas voluntárias.
A coordenadora estadual da Pastoral da Criança, Irma Rodrigues da Silva, explica que o trabalho da instituição começa quando as equipes, já capacitadas, visitam as comunidades e fazem o cadastramento das famílias. “Convidamos as mães para uma reunião para saber se elas estão dispostas a participar do projeto, que assim começa a nascer na comunidade”, explica Irma, acrescentando que as mães passam a ser orientadas e as crianças acompanhadas periodicamente, incluindo o processo de pesagem.
“Trabalhamos bastante a questão da violência, das relações familiares saudáveis e da boa alimentação. Promovemos palestras com profissionais de saúde nos encontros com as mães e, durante as visitas, elas também tiram dúvidas. Enfatizamos também a promoção humana”, detalhou.
Ainda segundo a coordenadora, o trabalho da pastoral tem como lema um trecho de escritura bíblica, em que Deus fala: “Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância”. Seguindo esse preceito, nas comunidades, os voluntários fazem um diagnóstico da situação das famílias para ajudá-las no que for preciso. Cada comunidade possui um líder da Pastoral, que acaba virando um amigo das famílias. Os vizinhos são solicitados para ajudar. São realizadas reuniões mensais com as mães, ques aprendem a cuidar melhor da crianças e começam a se envolver com a comunidade. Cerca de 4.500 voluntários fazem esse trabalho em todo o Estado.

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